29 de junho de 2021

10:06

MANAUS – Convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta terça-feira, 29, o deputado do Amazonas, Fausto Júnior, filiado ao MDB do senador Eduardo Braga, prestou um depoimento sem fundamento, religioso e político. O deputado foi relator da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e acompanhou a crise de oxigênio em Manaus neste ano. Braga é candidato ao Governo do Amazonas.

Demonstrando ausência de falas técnicas, o deputado de oposição foi relator da CPI da Saúde na Aleam que investigou a atuação estadual frente à emergência sanitária e mesmo após as oitivas não conseguiu arrolar o chefe do Executivo às denúncias investigadas na Comissão.

“Posso contribuir com o que aconteceu na primeira onda, prefiro me restringir ao que consta no relatório”, disse Fausto Jr. O deputado ainda contou com a colaboração e proteção do senador Eduardo Braga, que quis contribuir na resposta do deputado aos senadores, mas acabou cometendo uma gafe ao chamar o correligionário de Fausto Silva.

“A vontade dos deputados estaduais do Amazonas é de esclarecer os fatos. Esta CPI que o relator Fausto Silva…”, diz Eduardo Braga, que logo corrige a fala, balançando a cabeça: “Fausto Júnior”.

Falta Técnica

O parlamentar tentou fazer uso do holofote nacional para politizar as denúncias, que não chegaram a pautar a crise de oxigênio no Estado amazonense, além de tentar descredibilizar o trabalho dos senadores com uma narrativa favorável ao governo federal – que é investigado por omissão – o responsável pela prestação de socorro durante a crise.

Fausto ainda tentou imputar ao presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD), o envolvimento em fraudes e corrupção durante a gestão de Aziz à frente do Governo do Amazonas. No entanto, não conseguiu comprovar, mesmo com o relatório em mãos, porque Aziz deveria ser responsabilizado pelos supostos crimes.

A comissão parlamentar estadual investigou problemas da Saúde no Estado de 2011 a 2020, mas não indiciou ninguém.

Religiosidade

Evocando a religiosidade para tentar “salvar” seu depoimento, Fausto Jr. citou um versículo bíblico do Salmo 30. “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem de manhã”, disse o deputado ao se referir às vítimas da Covid-19, que somam 504 mil em todo o País e mais de 12 mil no Amazonas.

Durante o depoimento à CPI da Pandemia, o deputado estadual foi questionado sobre a crise do oxigênio no Amazonas em janeiro deste ano, mas dificultou resposta sobre a quem pertencia a responsabilidade pela distribuição e controle de abastecimento do insumo na capital amazonense, mesmo após os 120 dias de investigação na CPI da Saúde no Amazonas.

Refutação

“A investigação mais aprofundada tem que ser feita por meio dos órgãos de controle. Todos os governadores investigados pela CPI mereciam ser investigados, eu propus isso na CPI, mas não foi aceito. O certo era para ser indiciado, inclusive o ex-governador Omar Aziz, pela gestão dele na saúde. Não só o Wilson Lima, todos tem participação”, disse o deputado amazonense.

O presidente da CPI rebateu dizendo que o processo de indenização é da Secretaria da Saúde do Amazonas e que as contas foram pagas. “Esse processo indenizatório é simples. O TCE aprovou. E eu como governador não sou ordenador de despesa”, afirmou Aziz.

Exposição

O parlamentar amazonense expôs os problemas das ex-gestões no Estado que resultaram na crise da saúde durante a pandemia da Covid-19. Após falar que Omar Aziz deveria ser indiciado por conta dos problemas na saúde em 2011 e também por causa da Operação Maus Caminhos da Polícia Federal, Fausto Jr. e os senadores do Amazonas entraram em confronto na CPI da Pandemia, em Brasília.

Braga entrou no confronto ao ser citado por Omar Aziz duas vezes. Omar disse que Fausto Jr. “não precisava da ajuda para defesa do senador Eduardo Braga”. “Eu vim aqui para repor a posição verdadeira, como disse o senador relator Renan Calheiros. Essa comissão é para avaliarmos problemas da pandemia, da Covid-19”, disse Braga.