Pais desempregados reclamam de gastos com ensino remoto da rede municipal de ensino em Manaus
11 de março de 2021
18:03
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS- Mães de alunos da rede municipal de ensino em Manaus reclamam dos gastos nas impressões das atividades que são encaminhadas aos estudantes pelos professores. No início da tarde desta quinta-feira, 11, a mãe de um dos alunos da rede de ensino, Simone Pena, denunciou a um veículo de comunicação a falta de suporte por parte da Secretaria Municipal de Educação (Semed).
Com as condições financeiras abaladas, os gastos com impressões diárias de atividades escolares têm comprometido o baixo orçamento da família. Segundo a mãe, em média são três atividades diárias repassadas para que os alunos imprimam e realizem os exercícios.
Desempregada e com o marido na mesma situação, Simone questiona: “como vou ajudar meu filho, uma impressão aqui no meu bairro custa R$ 2, já imaginou todo dia ter que pagar por isso?”, questiona Simone.
Ela afirma que as tarefas são repassadas em um grupo de pais e professores no aplicativo de mensagem WhatsApp e que os estudantes não usam livros. A mãe do aluno ressalta, ainda, que cabe aos pais realizarem o trabalho dos professores na hora de ensinar as matérias e as atividades.
Apoio e cobranças
Após ter ciência da denúncia e pedido de socorro da mãe, o coordenador de comunicação do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/ Sindical), Lambert Melo, apoiou a iniciativa e concordou que as aulas viabilizadas no formato atual não apresentam estrutura e instrumentos necessários que levem de fato aos aprendizados dos alunos.
Além de solidarizar com a mãe, o coordenador ressaltou que os envios de atividades aos alunos não é uma decisão tomada pelos professores, mas uma cobrança das secretarias aos profissionais da Educação.
“Eles, de certa forma, são obrigados a enviar as atividades para os alunos, além de fazer o acompanhamento on-line por meio do programa ‘aula em casa’, pois a Semed tem um conteúdo específico para as escolas do município. Nesse sentido, exige materiais que não estão disponibilizados pelo programa e fica para os professores a responsabilidade de ir atrás desses materiais e colocar à disposição dos alunos”, explica o coordenador.
De acordo com Lambert, a reclamação sobre as falhas estruturais e o baixo rendimento das aulas a distância foi pauta em 2020 com a então secretária da pasta, Katia Helena, e que, inclusive, o assunto já teria sido abordado com o atual secretário municipal de Educação, Pauderney Avelino, no dia 17 de fevereiro com apresentações de como poderia ser qualitativo o início do ano letivo utilizando materiais de suporte tais como computadores, internet e telefones inteligentes.
O coordenador informou que a reivindicação deve ser refeita na próxima reunião já marcada com secretário para o próximo dia 15 de março. “Vamos ter um segundo encontro com Pauderney e a reclamação dessa mãe certamente será pontuada. Precisamos que, além do suporte para os professores, os alunos também tenham condições e instrumentos certos para que possam acompanhar minimamente as aulas, pois sabemos que muitos alunos usam um aparelho celular para vários membros da família e se encontram em condições financeiras precárias”, finalizou.
*A Revista Cenarium entrou em contato com a assessoria da Semed, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.