Pandemia da saudade: filhos relatam ausência materna causada pela Covid-19

Leandro Leite, Márcia Leite, Marlon Medeiros, Jackeline Medeiros e Isabela Leles (Reprodução/Arquivo Pessoal)

09 de maio de 2021

09:05

Marcela Leiros

MANAUS – O Dia das Mães comemorado neste domingo, 9, é o segundo consecutivo celebrado em meio à pandemia da Covid-19. Para alguns, é apenas mais uma data em que será necessário ficar em casa sem reunir toda a família, mas para outras pessoas o dia será marcado pela saudade e vazio deixado pelas mães que estão entre as 421 mil pessoas que morreram em decorrência da doença no País.

Apesar da “ordem natural da vida” em que os filhos enterram os pais quando é chegada a hora, a perda de um pai ou mãe para uma doença como a Covid-19, de forma rápida e inesperada, deixa marcas que demoram a cicatrizar. É este o sentimento do relações públicas Leandro Leite, que passará o segundo Dia das Mães sem a mãe ao lado. Márcia Leite, de 50 anos, morreu em maio de 2020 após complicações da doença. À CENARIUM, Leandro contou que, apesar da ausência, ainda sente a mãe presente.

“Para quem é filho como eu e perdeu os pais, é doloroso demais, é algo que não queremos que aconteça jamais, ainda mais de uma forma tão rápida e inesperada, mas de certo é a ordem natural da vida, os filhos enterram os pais, cuidam deles na doença, na velhice e se despedem. O bom é que a gente continua sentindo eles presentes, vivos em algum lugar do universo, você sente que aquela força não se foi, uma parte da minha mãe ainda mora em mim e a gente sente esse amor protegendo a gente”, disse ele.

Márcia Leite junto ao filho Leandro Leite na colação de grau de Relações Públicas (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Celebração diferente

A comemoração para o empresário Marlon Medeiros e a família neste domingo também será diferente. Este ano, o tradicional café da manhã – que marcava o início de um dia de homenagens a Jackeline Medeiros – vai ter que ocorrer sem a presença da matriarca. Ela também foi vítima da doença e há três meses a ausência é sentida diariamente. Este é o primeiro Dia das Mães sem a presença dela.

“Hoje completam 3 meses e 7 dias que minha mãe partiu. Assim como todos os dias desde sua partida, em especial por ser o Dia das Mães, hoje será de tristeza, enquanto ela estava viva, tive o privilégio de passar todos os Dias da Mães com ela”, conta o empresário.

Da esquerda para a direita: Tarcísio Pontes (filho), Jackeline Medeiros, José Medeiros (marido) e Marlon Medeiros (filho) (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Além do desjejum tradicionalmente feito com o marido, filhos e netos reunidos, o almoço e o resto do dia também eram especiais. “Começávamos por um café da manhã regional, almoço especial de Dia das Mães que eram preparados por ela. E como sempre, em datas comemorativas, ela não media esforços para servir um prato que agradasse a todos. Ela sempre foi sinônimo de mesa farta. Depois do almoço, os filhos e netos a presenteavam e seguíamos reunidos em sua casa até o fim do dia”, lembrou Marlon.

Valorização

Mesmo com a dor e saudade diárias, as lembranças dos momentos felizes ainda são o que dão força para as famílias, conforme lembra Leandro Leite. Para ele, aproveitar cada momento ao lado da mãe e valorizá-la é imprescindível para não se arrepender de não ter curtido os bons momentos.

“Já para quem ainda tem a mãe por perto é hora de valorizar, ser mais gentil ainda, assim que possível viajar com ela, ter momentos felizes com ela para não se arrepender depois de não ter aproveitado cada momento que podia. Nossas mães são nossas melhores amigas e sempre vão acolher a gente, errados ou não, elas estarão lá para nos apoiar”, reforça o relações públicas.

Marlon Medeiros também lembra aos filhos da importância de curtir os simples momentos ao lado das mães que ainda estão presentes fisicamente. Ele também deixa uma mensagem de apoio aos que passam pela mesma perda.

“Para quem perdeu a mãe, espero que Deus o faça se sentir acolhido e que a falta que ela está fazendo seja preenchida por boas lembranças dos momentos vividos, dos orgulhos que demos e que ainda vamos dar. E para quem está com sua mãe ao lado, que possam, não somente no Dia das Mães, mas em todos os dias, respeitar e fazer com que ela se sinta amada, que se possível sempre a levem para comer em um restaurante, conhecer pontos turísticos, ou simplesmente dar uma volta no shopping. Não precisa ser o melhor local da cidade, porque estarão na melhor companhia e o lugar não importa”, disse ele.