Pandemia e conflito armado: pela segunda vez, em 228 anos, o Círio de Nazaré deixa de acontecer
11 de outubro de 2020
19:10
Carolina Givoni – Da Revista Cenarium
MANAUS – Não é a primeira vez que o Círio de Nazaré, conhecido popularmente como o “natal dos paraenses”, deixa de acontecer no segundo domingo de outubro. De acordo com registros históricos, a tradicional romaria não foi às ruas por apenas dois motivos fortes: o conflito armado durante a revolta popular da Cabanagem e a pandemia.
Em 2020, a pandemia de Covid-19 afastou fisicamente os fiéis da padroeira, que puderem acompanhar o Círio Virtual, promovido pela Arquidiocese de Belém, que adotou o slogan “Fé Sem Distâncias” para estimular os promesseiros a não se aglomerar nas ruas.
No entanto, apesar do pedido, diversos devotos caminharam neste domingo, 11, na Avenida Presidente Vargas, uma das vias da capital belenense.
Revolta da Cabanagem
Segundo o Reitor do Santuário de Nazaré, Padre Luiz Carlos, em entrevista à CNN Brasil, em 1835, o caos instalado pela revolta popular da Cabanagem tomou conta das ruas de Belém do Pará e teria impedido as diversas manifestações religiosas.
A Cabanagem foi uma grande rebelião que eclodiu na província do Grão-Pará no ano de 1835. O movimento era liderado por Eduardo Angelim, os irmãos lavradores Francisco Pedro e Antônio Vinagre, o fazendeiro Clemente Malcher, além do jornalista Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.
Leia também: Movimento pela ‘independência’ da Amazônia busca instalação de um País no norte do Brasil
A nomenclatura se dá por conta da participação dos ribeirinhos que viviam em cabanas à beira dos rios. O movimento era composto, em sua maioria, por negros, mestiços e índios que se dedicavam às atividades de extração de produtos da floresta. Revoltados com as condições sub-humanas, a cabanagem se originou nas pequenas revoltas e conflitos sociais nas áreas rurais e urbanas da província.