Pantanal perde 12% de vida em incêndio descontrolado, afirma secretário do Mato Grosso do Sul

O Pantanal tem atravessado período de queimadas e destruição do bioma (Divulgação/CBMS)

18 de setembro de 2020

13:09

Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Pantanal registrou 14.764 pontos de queimadas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) coletados até a última segunda-feira, 14. Isso significa que este ano, o número de queimadas no bioma é histórico e é o maior já registrado na região, superando o contabilizado ao longo dos anos desde 1998.

Atualmente o Estado do Mato Grosso do Sul registra mais de 200 focos ativos de incêndios florestais, conforme afirmou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruk, durante entrevista à Rádio CBN, nessa quinta-feira, 17.

Segundo Verruk, o número crescente de queimadas na região é uma situação atípica de seca que atinge todo o Brasil e que os incêndios florestais não têm relação nenhuma com a pecuária na região. 

“O Estado do Mato Grosso do Sul está passando por um momento crítico de combate aos incêndios florestais. Semana passada declaramos situação de emergência para todo o Estado e não apenas para o Pantanal para que possamos efetuar um combate mais efetivo em relação aos incêndios florestais. No entanto, este é um ano atípico e totalmente diferente das séries históricas que nós vínhamos observando. E aí, não há uma estrutura pronta para combater tantos focos de incêndio ao mesmo tempo”, destaca Verruk.

O secretário lembrou ainda que mais de R$ 100 milhões foram gastos em ações de combate aos incêndios em todo o Estado. Mas, no entanto, pontuou que o contingente de três mil homens não é suficiente para o triste e desolador cenário registrado este ano no Mato Grosso do Sul. “Nós não temos estrutura para combater 200 focos. Então nós estabelecemos prioridades de acordo com o tamanho do foco nessas áreas”, esclarece Verruk.

Outro ponto destacado pelo secretário do MS é a pecuária, que conforme apontado por ele, não tem relação nenhuma com os incêndios florestais. “Muito pelo contrário. Na pecuária há o consumo de biomassa, o que possibilita a redução de incêndios”, finalizou. 

Dados complementares

Ainda conforme dados do Inpe, o Mato Grosso é, inclusive, o estado brasileiro que mais acumula queimadas entre as regiões administrativas do país. Até 13 de setembro, foram contabilizados 12.624 pontos de incêndio no estado, número 21% maior do que o registrado em agosto (10.430).

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, o total da área queimada no Pantanal  é 1.551.000 hectares. É o equivalente a dez vezes a cidade de São Paulo e 31 vezes a cidade de Porto Alegre.

Já no Mato Grosso do Sul, o total de área atingida pelas queimadas nos biomas tanto do Pantanal, quanto Mata Atlântica e Cerrado, chega a 1.450.000 hectares, ressalta o secretário de Meio Ambiente do MS, Jaime Verruk.