Pesquisador do Amazonas rebate fala de Ricardo Salles sobre redução de gases do efeito estufa
13 de dezembro de 2020
18:12
Gabriel Abreu
MANAUS – Neste fim de semana, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, rebateu a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre a antecipação da meta estabelecida no Acordo de Paris sobre a neutralidade na emissão de gases do efeito estufa até 2060.
Em entrevista à REVISTA CENARIUM, o doutorando de ecologia do Inpa disse que a fala do ministro é incondizente com a literatura científica e todos os estudos técnicos sobre o assunto, contrariando inclusive o projeto Prodes, que realiza o monitoramento por satélites do desmatamento na Amazônia Legal. “Isso é uma falácia, basicamente é uma cortina de fumaça para nublar a situação que o Brasil hoje vive. Essa meta não é uma realidade que o Brasil vai atingir, principalmente com esse desmantelamento causado pelo ministro”, comentou.
“Dados do Prodes têm mostrado isso, assim como dados da Nasa entram em consenso sobre o aumento do desmatamento e queimadas nos biomas brasileiros. Nós vimos o desastre que ocorreu no Pantanal, inclusive o ‘ridículo’ combate aos incêndios do Governo Federal. O Brasil segue caminhos contrários para neutralizar as emissões de gases causadores do efeito estufa”, explicou Ferrante.
Declaração
A declaração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ocorreu na terça-feira, 8, após uma reunião para aprovar a contribuição nacional determinada aos países signatários do acordo climático de Paris.
O Acordo prevê mecanismo para que países ricos invistam em políticas de desenvolvimento sustentável para nações em desenvolvimento, como forma de mitigar emissões de gases.
“Com o recebimento desse fluxo de recursos financeiros, nós consideraremos a hipótese de tornar o nosso compromisso de neutralidade em prazo inferior. Portanto, mais uma vez o Brasil está demonstrando o seu compromisso com a questão climática”, disse Salles.
Aumento no desmatamento
Segundo o Inpe, neste ano, o Brasil enfrentou crescimento no desmatamento tanto na Amazônia como no Pantanal. O desmatamento na Amazônia cresceu cerca de 9,5% de agosto de 2019 a julho de 2020 em comparação com o período anterior, de 2018 a 2019. No total, foram derrubados 11.088 km² de floresta nesse intervalo de tempo apesar da presença do Exército na floresta, sob a Operação Verde Brasil.