Povos tradicionais da Amazônia pedem ‘lugar de fala’ a Joe Biden

Em um único comunicado, Biden conseguiu ultrapassar a China, que vinha vencendo disparado na diplomacia da vacina. (Reprodução/Kevin Lamarque/Reuters)

12 de abril de 2021

21:04

Michelle Portela

MANAUS – Povos e comunidades tradicionais da Amazônia querem que os governos do Brasil e dos Estados Unidos definam um mecanismo de participação direta desses grupos nos planos para a Amazônia. Para isso, enviaram uma carta endereçada ao presidente Joe Biden e iniciaram uma série de mobilizações para aumentar a desconfiança do presidente americano quanto ao brasileiro.

Nesta segunda-feira (12), os ativistas enviaram um e-mail ao embaixador Todd C. Chapman, da Embaixada dos EUA em Brasília, no Distrito Federal. Anexo ao e-mail, estava a carta na qual relatam ao presidente dos EUA a preocupação com os rumos da definição da parceria com o Brasil para a proteção da Amazônia.

“Quaisquer iniciativas que não considerem esse diálogo, com certeza aumentarão a devastação de nossa floresta amazônica com graves efeitos nas mudanças climáticas”, afirmam os povos na carta. “Com a sua cooperação, esperamos que o governo brasileiro mude a política permissiva que vem facilitando o uso ilegal e predatório de nossos recursos naturais”, defendem.

O documento assinado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), criado pelo líder seringueiro assassinado Chico Mendes, reivindica que, diante do avanço das negociações, os povos sejam imediatamente incorporados ao debate e que participem das decisões a respeito da região e dos seus territórios.

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“Entendemos que isso somente será possível com mecanismos oficiais de efetiva participação das comunidades que habitam as florestas, indígenas e tradicionais, como condição prévia para implementar quaisquer programas de cooperação entre nossos países. Não ouvir os habitantes das florestas significa, na prática, respaldar a política atual do governo brasileiro.

De acordo com o presidente do CNS, Júlio Barbosa de Aquino, entidades e lideranças dos povos e comunidades tradicionais começaram a intensificar a mobilização para cobrar do presidente americano que tome partido pelos “habitantes da floresta” e apontam uma série de críticas ao atual governo.

“Consideramos os EUA um parceiro estratégico do Brasil neste momento em que enfrentamos ao mesmo tempo a pandemia da Covid-19 e a destruição da floresta. Entretanto, a política ambiental do governo brasileiro não tem a confiança dos povos da Amazônia. Ao contrário, até o momento essa política tem facilitado a exploração ilegal de madeira, minérios e ameaçado a vida dos líderes locais”.

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