Prefeito de Manaus vai gastar R$ 170 mil em ‘reforma’ da sala dele e da irmã

Perfeito de Manaus, David Almeida, e a irmã, Dulce Almeida. (Mário Oliveira/ Fundo Manaus Solidária)

01 de outubro de 2021

16:10

Victória Sales – Da Cenarium

MANAUS – O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), autorizou a “reforma” do gabinete dele na prefeitura e da irmã, Dulce Almeida, no Fundo Manaus Solidária. De acordo com a portaria 050/2021, o ajuste vai custar R$ 170 mil dos cofres públicos. As informações constam na edição de quarta-feira, 29, do Diário Oficial do Município (DOM).

A equipe de reportagem fez uma pesquisa nos supermercados da cidade e percebeu que, com o valor autorizado pelo prefeito, daria para comprar 1,7 mil cestas básicas compostas por 13 itens, avaliadas em R$ 100 cada. Além disso, seria possível pagar uma parcela do auxílio manauara, no valor de R$ 200, para 850 famílias baixa renda.

Reforma

De acordo com a publicação do DOM, a empresa foi contratada para a obra sem licitação, com a alegação de emergência para a execução de serviços para reforma das instalações elétricas, diante da precariedade e das inúmeras irregularidades encontradas no sistema. A empresa contratada que consta na portaria é a RDS Engenharia de Obras e Empreendimentos Imobiliários.

Em consulta ao site da Receita Federal, a empresa RDS Engenharia de Obras e Empreendimentos Imobiliários fica localizada na rua Benjamin Lima, bairro São Jorge, zona Centro-Oeste de Manaus, e tem como atividade principal a construção de edifícios. Além disto, segundo quadro societário, seu capital social é de R$ 2 milhões que são administrados por Ralen Veras da Silva.

Segundo arquitetos ouvidos pela Coluna Sem Mimimi do jornalista Thiago Botelho, com R$ 170 mil seria possível, além de fazer reparos elétricos, deixar o gabinete do prefeito de Manaus luxuoso, com iluminações modernas, porcelanato no piso e móveis laqueados.

Investigação

No dia 29 de setembro, uma matéria publicada pela CENARIUM mostrou que agentes da Polícia Federal (PF) e membros do Ministério Público Federal (MPF) informaram com exclusividade a equipe de reportagem da agência que o prefeito e a irmã dele são investigados como principais responsáveis pelas mudanças na lista enviada à Caixa Econômica de famílias que “estavam aptas” para receberem apartamentos no Residencial Manauara 2, que foi inaugurado no dia 18 de agosto.

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A irmã do prefeito é citada em depoimentos como a pessoa que direcionou alterações na lista de família que estavam capacitados a receber os apartamentos. De acordo com a PF e o MPF, eles investigam ainda a participação de funcionários da Superintendência Regional da Caixa Econômica, no Amazonas. Os responsáveis pelo caso nas duas instituições federais preferiram não se identificar e não repassar outros detalhes para não atrapalhar o andamento das investigações que corre sob sigilo.