23 de novembro de 2020
20:11
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – A prisão de Jender Lobato, atual presidente do bumbá Caprichoso, nesta segunda-feira, 23, durante a operação da Polícia Federal (PF), acendeu as “luzes amarelas” no maior evento folclórico do Brasil. Toda cadeia econômico e turística do Amazonas aguarda a resolução de um capítulo desconfortável em Parintins.
Por reunir marcas nacionais e internacionais no festival, a REVISTA CENARIUM entrevistou agentes que constroem o espetáculo. Personagens de um evento vivo, que mesmo cancelado por conta da pandemia em 2020, promete retornar em 2021.
Para o diretor-presidente da Maná Produções, empresa responsável pela captação de patrocínios para o festival, André Guimarães, o momento é de cautela e prudência. “Nós estamos aguardando o desenrolar dos fatos, precisamos entender antes de mais nada, que se trata de um processo legal”, avaliou André Guimarães.
Direito de defesa
Para o executivo, a questão passa pelo entendimento de que no Brasil, existe respeito pelas instituições. “É bom que se entenda que a pessoa envolvida, tem todos os direitos assegurados como o de ampla defesa e o direito ao contraditório, por tanto, é importante entender que alguém só é realmente culpado quando se esgotam todos os recursos”, destacou.
“Além disso, é realmente necessário separar as coisas. A pessoa hoje envolvida está presidente do Caprichoso, mas as acusações em nada tem haver com o caprichoso. São inclusive, acusações anteriores ao exercício de presidente do Caprichoso no qual Jender assumiu há pouco mais de um ano”, enfatizou Guimarães.
Para ele, agora é aguardar o desenrolar dos fatos. “Não vamos fazer nenhum julgamento antecipado, não tem nada a ver com o Caprichoso. Esse é momento de reconstrução do festival de Parintins. Não existe nenhum envolvimento de vetores do festival. Não é justo transferir para o Caprichoso uma situação em que ele não tem nada a ver”, pontuou.
Solidariedade
Presidente eleito do Garantido, Antônio Andrade desautorizou qualquer troça por parte da galera vermelha e branca, com a situação. “Primeiro precisamos entender que Garantido e Caprichoso são adversários na arena, mas parceiros na construção do festival que é a alma de Parintins. Dito isso precisamos defender os bois”, convocou.
“Não gosto e não apoio deboche com a situação por parte dos torcedores do Garantido. É algo que não tem nada a ver com o Caprichoso. Não envolve o Caprichoso. Diz respeito a uma pessoa que hoje, por acaso, é presidente do Caprichoso. É uma situação que precisa ser esclarecida o mais rápido possível”, advertiu Andrade.
Para o dirigente vermelho, é preciso entender que os bois são parte integrante da vida e da cultura do Amazonas e do Brasil. “Os bois são instituições do Amazonas, de Parintins e do Brasil. São patrimônio imaterial da cultura brasileira e a vida de centenas de parintinenses. Caprichoso é parceiro do Garantido e vamos defender sempre essa existência”, finalizou.
Entenda o caso
O presidente do Boi-Bumbá Caprichoso, Jender Lobato, foi preso na manhã de hoje, 23, durante operação da Polícia Federal em Manaus. Jender Lobato é acusado de fraudar licitação para o fornecimento de transporte escolar em Presidente Figueiredo, distante a 126 quilômetros da capital. Jender é parintinense e foi eleito por aclamação presidente do bumbá azul há pouco mais de um ano.
Na operação foram cumpridos quatro mandados de prisão e sete de busca e apreensão. Foram presos ainda: Sérgio Vianna, de 74 anos, pai do deputado estadual Saullo Vianna e ex-presidente do Movimento Marujada, do Boi Caprichoso. Rosedilce de Souza Dantas, sócia da empresa de Saullo e Udsom Maranhão, engenheiro e funcionário da prefeitura de Presidente Figueiredo.