Procurador de documentário da Netflix, ‘Bandidos na TV’, morre de Covid-19

No terceiro episódio da série, Francisco relata detalhes sobre investigações da Polícia Federal (PF) contra Adail Pinheiro. (Reprodução/Netflix)

15 de fevereiro de 2021

11:02

Carolina Givoni e Jennifer Silva

MANAUS – O ex-procurador-geral de Justiça do Amazonas, Francisco Cruz, conhecido internacionalmente pelo documentário “Bandidos na TV”, da Netflix, morreu nesta segunda-feira, 15, vítima de Covid-19. Francisco, à época, participou da produção audiovisual lançada em 2019, por pedir intervenção no município de Coari, no Amazonas, a partir de denúncias de ocultação de provas, em investigação sobre a rede de pedofilia envolvendo o ex-prefeito Adail Pinheiro.

No terceiro episódio da série, Francisco relata como as investigações da Polícia Federal (PF) levaram evidências contra Adail sobre abuso e aliciamento infantil. “A Polícia Federal fazendo operação de desvio de recursos federais acabou encontrando nas escutas telefônicas as evidências. Foi um negócio abominável. Eles pegaram o fio da meada e chegaram aos crimes de pedofilia”, afirmou à época.

Incentivador da cultura

Além da longa jornada trilhada no Ministério Público do Amazonas (MP-AM), desde 1985, Francisco tinha uma forte ligação com a cultura, sendo um dos fundadores do programa MP TV, lançado em 2011 em parceria com a diretora-presidente da TV Cultua, Wânia Lopes.

O procurador-geral de Justiça, Francisco Cruz, e a diretora-presidente da TV CULTURA, Wânia Lopes. (Reprodução/Internet)

Segundo o então procurador-geral, a proposta era aproximar a instituição ministerial da população sobre a defesa dos direitos dos cidadãos. “Com o programa, iremos prestar um serviço à sociedade”, declarou à época. “Chicão” também foi um dos fundadores da Banda de fanfarra Independente Confraria do Armando (Bica), uma das mais conhecidas da capital amazonense.

Legado

Natural do município de Humaitá, Francisco ingressou no Ministério Público do Amazonas na década de 1980, atuou como promotor e alcançou o cargo de procurador-geral. Ele também atuou nas comarcas de São Gabriel da Cachoeira e Parintins, além de ter exercido o cargo de procurador-geral-adjunto de Manaus.

“É com profundo pesar que informamos o falecimento agora há pouco no Hospital Santa Júlia do nosso ex-PGJ Francisco Cruz. Nossos mais profundos sentimentos a toda a família e amigos. Que Deus o receba em sua morada eterna”, lamentou a Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP).

Trecho da participação do ex-procurador no seriado “Bandidos na TV”. (Reprodução/Netflix)

O Governo do Amazonas divulgou nota sobre o falecimento de Francisco Cruz. “O Governo do Amazonas reconhece o legado deixado por Francisco e presta condolências aos familiares e amigos, pela perda irreparável”, diz trecho.

Chicão’, como era carinhosamente chamado, estava internado em uma unidade de saúde da rede particular de Manaus há cerca de um mês, mas não resistiu às complicações da doença. Francisco Cruz deixa esposa e dois filhos.

O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto também lamentou a perda. “Vivemos tempos difíceis, de perdas e saudades. A semana já começa com a triste notícia. (…) Um vazio nos corações de seus entes queridos e suas marcas na trajetória política do nosso Estado. Eu e minha esposa Elisabeth Valeiko Ribeiro nos solidarizamos aos amigos e familiares e estaremos com nossos corações em oração”, disse em redes sociais.