Produção de comunidades indígenas do AM ganha parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Alimentos, cestarias e biojoias, toda a produção de 23 povos do Rio Negro está inclusa na campanha do Iphan (Reprodução/Iphan)

21 de março de 2021

12:03

Mencius Melo – da Revista Cenarium

MANAUS – Valorizar a cultura dos povos indígenas do Rio Negro, no Amazonas, e ainda incentivar a comercialização de alimentos, biojoias e cestarias, criando assim renda oriunda dos produtos da floresta. Esse é o objetivo do “Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores”, campanha lançada durante a semana pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com comunidades tradicionais em Manaus.

Hábeis na arte de produzir belas peças, os artesãos do Rio Negro organizados no coletivo Wariró podem comercializar seus produtos para todo o País (Reprodução/Instituto Claro)

Os produtos têm origem do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro no Amazonas. O SAT do Rio Negro está registrado como Patrimônio Cultural Imaterial desde 2010 pelo Iphan. Reúne 23 povos indígenas, que detêm um universo de conhecimentos e domínios sobre a natureza, sistemas e recursos alimentares e todo acesso a uma cultura material e imaterial.

A ação do Iphan é uma resposta direta ante a situação calamitosa provocada pela pandemia do novo coronavírus nas comunidades de saberes tradicionais. A Amazônia é a região mais atingida pela pandemia, quando o assunto são as comunidades indígenas. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Manaus (AM) e Boa Vista (RR) são as cidades que concentram mais mortos.

Conjunto de saberes

“É importante que todos conheçam mais sobre o conjunto de saberes dos povos da nossa região, sobre o manejo tradicional dos recursos naturais das roças e da floresta que está por trás de cada peça de artesanato feita pelos produtores aqui da região do Alto e Médio do Rio Negro e afluentes”, destacou Luciane Mendes Lima, articuladora da Wariró, marca coletiva das 23 etnias localizadas nos Alto e Médio cursos do Rio Negro e afluentes.

Para a articuladora da marca coletiva dos 23 povos, iniciativas promovidas para dar visibilidade a produção dos povos da floresta, só tem a acrescentar. “A campanha ‘Conectando Patrimônios…’ vai contribuir para a valorização da Wariró e de produtoras e produtores do Rio Negro, pois dará visibilidade aos saberes e história por trás de cada objeto”, resumiu Luciana Mendes.

Com a campanha do Iphan, os produtos do SAT do Rio Negro podem chegar a mais consumidores e com isso gerar renda para os comunitários (Reprodução/FOIRN)

Salvaguarda

A presidente do Iphan, Larissa Peixoto, é uma entusiasta do trabalho dos povos que compõem o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Para ela, as comunidades representam a riqueza de saberes dos povos tradicionais da floresta amazônica e por isso seus conhecimentos devem estar protegidos e devem ser objeto de salvaguarda.

“Promovemos ações como o ‘Conectando Patrimônios…’ por entender que bens culturais como o SAT do Rio Negro são fundamentais para a identidade dos brasileiros e é nosso papel valorizá-los e preservá-los. As comunidades indígenas do Rio Negro produzem mais que alimentos e artesanatos, pois carregam história e cultura em suas técnicas e conhecimentos”, finalizou.