Professor que sofreu atentado por fiscalizar escolas busca retorno à Câmara Municipal de Manaus

Bibiano destacou que, caso eleito, continuará exercendo seu dever enquanto fiscalizador (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

13 de novembro de 2020

21:11

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Bibiano Simões Garcia Filho, mais conhecido como professor Bibiano (Pros), pretende retornar ao cenário político e garantir uma vaga na Câmara Municipal de Manaus (CMM) nas eleições 2020. Aos 47 anos, o candidato a vereador chegou a sofrer um atentado, em 2014, por conta da atuação frente a fiscalização da merenda escolar em escolas públicas.

Em entrevista exclusiva à REVISTA CENARIUM, Bibiano destacou que, caso eleito, continuará exercendo seu dever enquanto fiscalizador. “Precisamos de políticos que possam defender a vida e quando você fiscaliza a merenda, você propicia que a merenda de qualidade esteja na mesa do aluno. Quando você fiscaliza o transporte público, você permite com que ele seja eficiente e que ele não cause acidentes como causa corriqueiramente, colocando a vida de pessoas em risco. Fiscalizei tudo isso e irei continuar fiscalizando”, disse o candidato.

O professor destacou que gostaria de uma mudança na política, contudo, segundo ele, para que isso ocorra é necessário que não seja mais atrelado o poder público ao privado. “As empresas não podem mandar no governo. O governo tem que ter autonomia, entendimento e sabedoria para saber que ele está ali porque o povo colocou. Além disso, os empresários não podem interferir nesse sentido, porque quando isso acontece, as vozes que precisam falar se calam e o povo continua sofrendo, tendo a sua vida e dignidade postas em risco e a gente não quer isso na política”, salientou.

Vida pública

Natural de Manaus, Bibiano foi eleito vereador da capital amazonense na 16.ª Legislatura, para os anos 2013 a 2016, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). De família humilde, o parlamentar é professor de Ensino Religioso, sendo concursado na Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Em 2018, o professor desfiliou-se do PT e foi candidato a deputado estadual pelo partido Avante, mas não foi eleito. Em 2020, é postulante ao cargo de vereador pelo Partido Republicado da Ordem Social (Pros).

Em 2014, a casa do então vereador professor Bibiano, na rua Samambaia, no bairro Santa Etelvina, Zona Norte de Manaus, foi invadida por dois homens. Os suspeitos fizeram refém uma jovem de 17 anos, que chegou a afirmar que os criminosos procuravam um documento, mas que não levaram nada.

Melhoria e fiscalização

Para o educador, o papel de um vereador é de propor a melhoria da cidade, por meio de leis, e fiscalizar. Sendo ele, quando um parlamentar se propõe a supervisionar, uma série de indícios de irregularidades são encontradas.

“Foi o que nos levou a propor fiscalizações mais contundentes como CPIs [Comissão Parlamentar de Inquéritos] e nós propomos para os prédios alugados, para a máfia das corujinhas, a máfia do transporte, a máfia do lixão. Nós descobrimos que havia um volume milionário de recursos para revolver essas problemáticas, mas que os problemas continuavam”, frisou.

Bibiano lembrou o pedido de criação de uma CPI, em 2013, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), para que seja investigado os contratos firmados entre a Prefeitura de Manaus e donos de imóveis alugados para abrigar escolas da capital. À época, segundo a Semed, eram gastos mais de R$ 28 milhões por ano com a locação de 172 imóveis utilizados para o funcionamento de escolas da rede pública de ensino municipal.

“Na época, pedi que nos dissessem como estavam sendo gastos os quase R$ 29 milhões para pagamento de aluguel de prédios. Descobrimos e conseguimos e que a distorção de preços eram enormes. Haviam prédios, por exemplo, com oito salas de aulas e que a prefeitura pagava R$ 46 mil e haviam prédios com 4 salas de aulas, mas que ela pagava R$ 100 mil por ano. Conseguimos evidenciar que haviam suspeitas de desvio de dinheiro. Acionei o Tribunal de Contas (TCE-AM), o Ministério Público e eles concordaram comigo”, enfatizou.

À CENARIUM, o candidato reforçou que pretende conseguir mais transparência nos gastos públicos na busca por melhoria à cidade de Manaus. “Vereador significa vigiar. Etimologia da palavra vereador é esta, é aquele que está atento para que o recurso do contribuinte seja bem empregado e esta pessoa não pode ser amordaçada, não pode ser calada”, finalizou.