‘Proliferação do mosquito Aedes aegypti continua um alerta’, diz especialista

Por conta do período chuvoso, maior proliferação da doença é um alerta (Divulgação/FVS-AM)

30 de março de 2021

13:03

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – O período de chuvas na Região Norte do País aumenta o nível das águas dos rios e provoca enchentes em algumas cidades do Amazonas. Esse crescimento no volume dos rios associado ao acúmulo de água em terrenos e residências é o alerta para a proliferação de doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.

De acordo com Elder Figueira, chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), a intensificação das chuvas entre os meses de novembro a maio favorece a proliferação do mosquito, uma vez que há mais criadouros disponíveis. O especialista chama atenção para a eliminação de depósitos de ovos mesmo na estação seca das regiões em que há casos de dengue.

“Existem estudos em que mostram que os mosquitos deixam os ovos na estação seca e, quando começa a estação chuvosa, começam a emergir as larvas e, posteriormente, viram mosquitos. É um mosquito muito resistente e adaptado ao nosso convívio. A maioria dos depósitos que servem de criadouros estão no domicílio, no quintal ou dentro de casa, por isso sempre insistimos que o auxílio da população no controle da vigilância desses criadouros é fundamental para termos sucesso na diminuição dos casos”, afirmou.

Mosquito Aedes aegypti transmite a dengue, zika e chikungunya (Reprodução)

No Amazonas, segundo dados parciais do DVE e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, foram registrados até o dia 27 de março, o total de 4.379 casos de dengue, sendo que 34 casos notificados são de chikungunya; e 32 casos de notificações de zika.

“O Estado do Amazonas se mantém em alerta. No primeiro dia de março deste ano, emitimos uma nota técnica a todos municípios como uma forma de alerta para que eles intensificassem as ações de vigilância e controle, além da vigilância laboratorial. Nós dividimos o programa de controle da dengue e das arboviroves, como a zika e chikunguny, mas a forma de eliminação é a mesma, principalmente do extermínio das formas larvárias e dos adultos que estejam infectados”, destacou. Confira a nota técnica aqui: https://bit.ly/3uSgjTi.

Sintomas

De acordo com a nota técnica, os pacientes com dengue costumam a apresentar febre aguda, com duração máxima de sete dias, acompanhada de pelo menos de dois dos seguintes sintomas: dor de cabeça (cefaleia), dor atrás dos olhos (retro-orbital), dor muscular (mialgia), dor na articulação (artralgia), fraqueza, irritação na pele (exantema), baixo número de células brancas no sangue (leucopenia), pequeno ponto vermelho no corpo (petéquia) ou prova do laço positiva, o exame que comprove a presença da doença.

“Recomendamos que quando a pessoa começar a sentir esses sintomas que se mantenha em repouso, se hidrate. Se ela observar uma alteração, como uma febre mais persistente, inícios de sangramento na gengiva ou mesmo nos olhos, busque o auxílio e vá até uma unidade de saúde procurar ajuda médica”, aconselhou.

Os sintomas da chikungunya são a febre de início súbito maior que 38,5ºC e intensa dor nas articulações, podendo ser acompanhada de dor de cabeça, irritação na pele, fadiga e dor nas costas com duração média de sete dias. O paciente com zica apresenta irritação na pele ou não, acompanhado de sintomas como febre ou conjuntivite sem secreção.

Recomendação

Segundo Figueira, a fundação tem observado que muitas cidades têm notificado casos de dengue somente quando a pasta realiza visita ou faz supervisão nos municípios, uma medida que atrasa o controle da proliferação do mosquito. A recomendação, de acordo com ele, é para que as cidades notifiquem o quanto antes.

“A FVS recomenda aos municípios que, notifiquem os casos, porque em geral os municípios solicitam, por exemplo, apoio para controle vetorial com o uso de inseticidas que são fornecidos pelo Ministério da Saúde, cuja responsabilidade de entrega do material é do Estado, mas a gente só vai conseguir ver o real cenário da transmissão da doença se a gente tiver notificação”, pontuou Elder Figueira.

Acúmulo da água na proliferação do mosquito, uma vez que há mais criadouros disponíveis (Fernanda Pimentel/FVS-AM)

Para a população, a principal recomendação é que dediquem, pelo menos dez minutos durante a semana, para verificar se tem algum depósito com água parada e que pode servir de criadouro para o Aedes aegypti. “Existindo esse criadouro, é fácil a eliminação. Quando não é possível eliminar, como uma caixa da água, mantenha ela fechada. O importante é evitar que os mosquitos tenham acesso àquela água para que façam o seu ambiente de depósito”, continuou Figueira.

Doenças graves

Apesar de serem poucos, os registros de doenças graves no Amazonas continuam existindo, conforme o chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica da FVS-AM. “Temos oficial notificações de três registros de óbitos, um já confirmado em São Gabriel da Cachoeira e dois outros que ainda estão em investigação também em São Gabriel e em Eirunepé, no interior do Estado. É frequente a notificação de dengue hemorrágica ou dengue grave”, destacou.

Elder Figueira enfatizou que a automedicação nunca é recomendada e que a população deve evitar o uso de remédios como o AAS (ácido acetilsalicílico) e o Diclofenaco. “Se você toma uma medicação que tem esse efeito anticoagulante, a possibilidade de você agravar com quadros hemorrágicos é ainda maior. Então, evite a automedicação e, principalmente, não tome os remédios que a gente já conhece como o Diclofenaco e o AAS, que não são recomendados para pessoas com suspeita de dengue”, finalizou.