Restaurante disponibiliza doces produzidos por mulheres ribeirinhas da Amazônia

Os doces de cupuaçu, goiabada e castanhada, seguem a linha tradicional da culinária amazônica e cultivam sabor de natureza. (Reprodução/Internet)

16 de setembro de 2020

11:09

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um dos mais charmosos restaurantes da capital do Amazonas, o Caxiri Manaus, adicionou um elemento a mais no concorrido menu. Em parceria com a ONG ‘Casa do Rio’, o empreendimento comandado pela chef Débora Shornik está disponibilizando doces de cupuaçu, goiabada e castanhada, produzidos por mulheres comunitárias. Com receitas que seguem a linha tradicional da culinária amazônica e cultivam aquele sabor de natureza.

A chef Débora Shornik em seu habitat natural: o Caxiri Manaus (Reprodução/Divulgação)

De acordo com Débora, os doces são maravilhosos, agradam o paladar e estão dentro do padrão de qualidade do Caxiri. “Os doces estão dentro das normas de qualidade exigidas e o melhor: são surpreendentemente deliciosos”, atestou a chef. Ela conta que os produtos terão ainda comunicação visual. “Estamos em desenvolvimento do rótulo oficial”, adiantou.

Por estar localizado ao lado do centenário Teatro Amazonas, em um prédio que retrata os tempos da riqueza do látex, o Caxiri Manaus possui uma identidade que permeia a filosofia do trabalho. “Nos dedicamos plenamente a esta terra. Amo o Amazonas, por isso servimos a Amazônia para além dos nossos pratos, porque para mim, os ingredientes e as pessoas são inerentes”, destacou a paulista de nascimento e amazonense por paixão, Débora.

Ambiente aconchegante e de um bom gosto ímpar, o Caxiri é um dos melhores endereços gastronômicos de Manaus (Reprodução/Divulgação)

Pelo caráter identitário, a chef continuará apostando na aproximação gastronômica entre Manaus e o interior. “Irei trazer o tucupi preto de Santa Isabel do Rio Negro e arubé, que é um molho de pimenta superespecial”, detalhou.

Doce do Tapiri

Oriundas do município de Careiro Castanho (86,09 quilômetros de Manaus), as doceiras do coletivo “Doce do Tapiri” fazem parte da ONG Casa do Rio. São mulheres que aprenderam a cozinhar doces, mas que precisavam de uma forcinha para aprender a empreender melhor. “Nós as trouxemos para o Caxiri e aqui elas tiveram uma imersão de dois dias em um ambiente profissional”, detalhou Débora.

Além de se ambientar, as doceiras também puderam compartilhar conhecimento e aprimorar receitas. “Nós revisitamos receitas de doces de autoria delas e revisamos essas mesmas receitas e, a partir disso, trabalhamos o uso equilibrado do açúcar, por exemplo”, descreveu.

Embalados em um recipiente de vidro, os doces chamam a atenção pelo bom gosto. “São embalagens reutilizáveis que inclusive estamos aprimorando para torná-las mais atraentes, sem contar que todos os produtos dos ingredientes são agroecológicos”, exaltou a empreendedora.

Casa do Rio

A ONG Casa do Rio, fundada por Thiago Cavalli, tem como objetivo apoiar os povos da floresta para que sejam protagonistas na construção de um território de boa convivência em uma Amazônia sustentável.

Docinhos saborosos, os produtos do coletivo ‘Doces do Tapiri’ estão à venda no Caxiri Manaus (Reprodução/Divulgação)

De acordo com Thiago, a ONG tem várias frentes. “Apoiamos algumas iniciativas lideradas por mulheres, por exemplo, a ‘Teçume da Floresta’, onde ajudamos desde a concepção até a autonomia. Também há o Artesanato Maravilha, entre outras”, adiantou.

Articulada, a organização conta com parceiros como o Itaú social, BrazilFoundation, Fundação Cargill, entre outros. E também parcerias como o Eataly de São Paulo e a marca Cris Barros. “Atendemos mulheres, jovens, agricultores familiares e comunidades tradicionais. Não trabalhamos diretamente com indígenas, mas durante a pandemia demos suporte a mais de 400 famílias indígenas”, elencou o ativista.

Para o futuro, a organização planeja mais. “Temos a criação de um centro de pesquisa urbano em agroecologia, uma cozinha para mulheres e um laboratório artesanal para manipulação de ervas medicinais, há uma metodologia de uma escola de base e talvez uma movelaria de design”, planejou.

Questionado sobre a parceria com o Caxiri, ele respondeu. “Débora é uma amiga de longa data, quando começamos a trabalhar com mulheres e alimentação, precisávamos de alguém que aprimorasse as receitas, então pensei nela imediatamente e aí começou essa parceria bonita”, finalizou.