Restaurante se inspira em ‘Churrasco de gato’ para criar sanduíche em Manaus

Com direito a farofinha, vinagrete, carne e para quem quiser: pimenta, o sanduíche promete agradar o paladar de quem tem intimidade com comidinhas de rua (Reprodução/Divulgação)

01 de agosto de 2020

15:08

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Ícone da gastronomia suburbana brasileira, o popular “churrasco de gato”, que é uma comida possível de ser encontrada em qualquer esquina, ganha uma nova versão na capital amazonense e se chama “Churrasco Burg”.

O restaurante responsável pela criação da iguaria, é conhecido como “Biliskão” e deixou o churrasquinho com cara de “sanduba food truck”. A receita do prato é composta por ingredientes que não podem faltar no que seria um “gatinho” mínimo: a carne bovina e vinagrete, além de claro, a farofa. Tudo embalado em duas fatias de hambúrguer para dar um ar mais sofisticado ao produto.

Farofa, vinagrete, carne e pão de hambúrguer: O popular ‘churrasquinho de gato’ ganha versão sanduíche em Manaus (Reprodução/Divulgação)

Como todo bom “churras” de rua que se preze, não pode faltar aquela pimenta. Em geral molho murupí ou malagueta, que são encontradas em praticamente todas as cidades dos estados amazônicos.

O proprietário da casa, Gabriel Oliveira, explicou detalhes sobre a composição dos elementos do prato.“A primeira versão do sanduíche de churrasco surgiu da ideia de sair do tradicional, do queijo, do bacon, dos ingredientes e carnes que todos usam e que chamasse a atenção da população”, explica.

“Daí veio a ideia de trabalharmos em um dos produtos que mais saem em nosso bufê que são os churrascos e para ousar, incrementamos com itens tradicionais em nosso churrasco que é a farofa e o vinagrete”, detalhou Gabriel.

Sem bagunça

Mas ao contrário do que se possa imaginar, o sanduíche inspirado nas ‘bancas de rua’ – pouco ortodoxas quando o assunto é cuidado redobrado com as normas sanitárias – não relaxa nos cuidados com a preparação.  

O estabelecimento segue as normas da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS/DVISA), além de todos os colaboradores passaram por uma capacitação ao combate a Covid-19.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Amazonas (Abrasel-AM) qualificou a casa como referência de qualidade e capacitação na higienização contra o coronavírus recebendo o selo “Estabelecimento Responsável”. “Sou nutricionista, especialista em vigilância sanitária pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, por isso nosso estabelecimento segue todo um padrão de qualidade”. afirmou Gabriel Oliveira.

Ainda segundo ele, a formação técnica permitiu criar uma iguaria com apuro, mas sem perder a essência popular. “Nossa ideia, ao conceber o ‘Churrasco Burg’ é remeter imediatamente ao sabor do churrasquinho de rua, ou seja: não estamos gourmetizando nada e sim criando uma iguaria com gosto e sabor conhecido. Tanto é que a farofa se tornou o ingrediente que mais aguça a curiosidade dos consumidores”, destacou Gabriel.

Releituras populares

Por mais exótico que seja, a proposta de ‘sanduichezar’ o churrasquinho de rua não chega a ser uma novidade no mundo gastronômico de Manaus ou mesmo da região amazônica. Há quase três décadas o tucumã, fruto nativo da Amazônia, bastante apreciado no interior do Estado do Amazonas, ganhou as ruas e cafés regionais de Manaus e se transformou no “X-caboquinho”.

Pão francês, queijo coalho, fatias de banana e lascas de tucumã. Eis a receita do popular sanduíche dos amazonenses: o ‘x-caboquinho’. (Reprodução/Internet)

A iguaria composta de pão francês com lascas de tucumã, fatias de queijo coalho e banana, se popularizou entre os manauaras. Se tornando identidade gastronômica da cidade, com status de atração turística.

Outro que passou por uma releitura, não em sua constituição de conteúdo, mas, na forma de embalar, foi o tacacá.

Iguaria composta por caldo de tucupí, camarão, goma de tapioca e folhas de jambú, o tacacá é servido em cuias – espécie de tigela indígena, oriundo do fruto da cuieira.

Tacacá na embalagem plástica para delivery. Solução prática para substituir a regional cuia. (Reprodução/Internet)

Por ser bastante consumido em Manaus, os empreendimentos partiram para o delivery. O problema é que não existe a possibilidade de se comercializar o tacacá em cuias, para a pronta entrega.

Pelo volume de mercado, um desequilíbrio ambiental seria inevitável caso o pedido fosse atendido na original cuia. Por isso as tacacarias partiram para as embalagens plásticas. “Não tem a beleza e a originalidade da cuia, mas, é a única forma que encontramos para entregar o tacacá nas casas de toda a grande Manaus”, resumiu Fabíola Kimura, da Tacacaria Parintins.