Restrições de viagens diminui movimento em rodoviárias, mas estradas mantêm fluxo para interior do Amazonas

Transporte de passageiros no Amazonas segue suspenso. (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

13 de fevereiro de 2021

14:02

Bruno Pacheco

MANAUS – Mesmo com restrições de viagens, o fluxo rodoviário para o interior do Amazonas tem se mantido intenso com a chegada da “semana do Carnaval”. O movimento em meio à pandemia de Covid-19 preocupa infectologistas entrevistados pela CENARIUM neste sábado, 13.

A restrição da circulação de pessoas ainda está em vigor, motivo pelo qual o Terminal Rodoviário da capital amazonense, localizado na avenida Djalma Batista, amanheceu vazio neste sábado, 13. De acordo com as imagens do fotojornalista Ricardo Oliveira, apenas algumas pessoas se encontravam no local.

A estação é a principal porta de entrada de veículos de transporte terrestre de passageiros da capital até o interior, além da conexão para outros Estados, o local costuma receber cerca de 20 mil pessoas no feriado carnavalesco, segundo dados da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos (Arsam).

Terminal Rodoviário de Manaus neste sábado, 13 (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Transporte intermunicipal

No Estado, o transporte intermunicipal de passageiros segue suspenso até o próximo domingo, 20, segundo o governador Wilson Lima (PSC). O anúncio foi neste sábado, 13. “Estamos num processo de flexibilização à medida em que nós vamos tendo a segurança epidemiológica necessária para fazer isso”, destacou o governador.

Só estão liberadas viagens para serviços essenciais de Saúde e para execução de atividades e prestação de serviços cujo funcionamento é permitido no decreto Decreto nº 43.377, publicado no Diário Oficial do Amazonas (DOA) no último dia 6 de fevereiro.

Demanda

Apesar das medidas restritivas, populares afirmam que é comum observar o intenso tráfego de pessoas e carros na estrada. Tanto em direção ao interior e para capital, principalmente por conta das moradias ao longo da rodovia estadual AM-010.

O movimento foi intensificado para buscar por atendimento hospitalar especializado, para tratar casos do novo coronavírus. Bem como internações pela doença nos hospitais, a alta demanda por oxigênio para pacientes intensificou o fluxo rodoviário.

Entrada da cidade de Itacoatiara, imagem do final de janeiro de 2021. (Reprodução/Facebook)

Na última semana de janeiro deste ano, uma imagem compartilhada nas redes sociais mostrou o exato momento de aglomeração de motoristas na entrada da cidade localizada a 270 quilômetros de Manaus. A rodoviária de Itacoatiara, todavia, segue fechada até que haja novo decreto com permissão para o transporte de passageiros.

“Eu era contra até ver essa foto. Tem que fechar a barreira sim, se não tiver como provar que mora na estrada, não deve passar. Final de tarde de domingo e essa aglomeração para entrar na cidade. Esse povo nem estava trabalhando na linha de frente da Covid-19″, lamentou Alex Barros, morador de Itacoatiara.

Rodoviária localizada no município de Itacoatiara, interior do AM. (Bruno Pacheco/Revista Cenarium)

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Medida necessária

Em entrevista ao jornal O Tempo, o infectologista Carlos Sartling destaca o temor de que os reflexos das viagens, neste período carnavalesco, elevem os números da pandemia como ocorreu após as festas do final do ano passado. Para ele, este não é um ano para pensar em Carnaval ou em qualquer forma de aglomeração, mesmo em caráter privado.

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Já em Manaus, o pesquisador Lucas Ferrante, mestre em ecologia e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas (Inpa), tem alertado sobre uma “iminente terceira onda da Covid-19 no Amazonas”, com novas variantes que demonstram maior letalidade e transmissibilidade maior que a anterior.

“É muito mais importante não só frearmos a ocorrência da terceira onda e impedir isso, mas frearmos, de fato, a circulação do vírus na população, para impedir que novas mutações surjam e que nós tenhamos uma variante resistente às vacinas de mercado”, diz o pesquisador ao defender um lockdown severo e imediato para Manaus, além de uma vacinação expressiva em toda população amazonense.