Samba e empoderamento feminino: mulheres usam a arte para dialogar sobre a violência de gênero

Inscrições para o evento são gratuitas. (Reprodução/ Internet)

09 de dezembro de 2021

21:12

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com o objetivo de usar a arte como ferramenta aliada contra a violência de gênero e estimular a participação de mulheres na cultura popular do samba, a passista e produtora Ana Luiza Carneiro, 30, vai realizar o workshop intitulado “Elas sambam”. O evento, gratuito, ocorrerá nos dias 11 e 12 de dezembro, no Salão Solimões, anexo do Palácio Rio Negro, na Avenida 7 de Setembro, Centro de Manaus, a partir das 13h, no sábado, e 9h, no domingo.

De acordo com Ana, a programação é aberta ao público e as inscrições ficarão disponíveis até o preenchimento total das vagas. O projeto, fundado no final de 2019 e interrompido pela pandemia, conta ainda com uma roda de conversa “Elas Contra a Violência de Gênero”, e uma oficina de percussão dos ritmistas da “Bateria Salto Agulha”.

“O evento tem esse apelo justamente por trabalharmos com mulheres, cis ou trans, para despertar essa consciência nelas de lutar contra a violência de gênero, até porque, na pandemia, houve um crescimento muito grande de denúncias de mulheres abusadas e agredidas em seu próprio lar. Nós queremos ter essa conversa com elas, para direcionar e dizer que, se algumas delas passou por isso, tem como buscar um amparo não só na justiça, mas de afeto também”, explica a produtora.

Evento contará com oficina de percussão dos ritmistas da “Bateria Salto Agulha”. (Reprodução/ Divulgação)

Arte como oportunidade

Com o público-alvo vindo, em grande parte, da periferia, segundo Ana Luiza, o evento proporciona oportunidades que, geralmente, a maioria não teria condições de ter acesso. Ela destaca que a arte, aliada aos projetos sociais, abre portas para as minorias.

“A arte é uma ferramenta muito poderosa na luta pelas minorias. Ela salva e cura, por isso, é superimportante que ela seja democratizada e acessível a todos. Nossas alunas e participantes dos projetos são de periferia e não têm como pagar, muitas vezes, uma passagem para outro Estado, para estudar e beber da fonte do conhecimento”, ressalta.

A programação conta com a participação das passistas cariocas Ana Pérola, Kellyn Rosa e Luara BomBom. Além delas, vai ocorrer uma troca de conhecimento com a produtora Djane Senna e a com a conselheira tutelar Joice Leão, que irão debater temas envolvendo a mulher como parte indissociável da cultura popular.

“Todas as manifestações populares têm na mulher a expressão de beleza, mas, será que é só esse o papel da mulher? Claro que não! Podemos estar em todos os eixos do mecanismo cultural, inclusive na direção dele”, destacou a produtora.

Cenário local

Morando no Rio de Janeiro, a produtora amazonense estima mais protagonismo para as mulheres do Estado onde nasceu. Em relação ao samba, Ana acredita que a figura feminina ainda está muito presa ao exibir o belo, deixando de ocupar outros espaços que o segmento oferece.

“Percebo que estão apenas no local onde se mostra a beleza, o que não é errado e nem menos importante, mas desejo vê-las sendo mestres de bateria, intérpretes oficiais, diretoras, presidentes das escolas e em mais funções de liderança. Por isso, decidi trazer mulheres de outro Estado para dialogar com as mulheres que fazem a cultura popular do Amazonas”, finaliza.