Segurança do Pará em guerra contra facção criminosa: 15 policiais já foram mortos em ataques este ano

Os últimos casos de morte de policiais ocorreram entre os dias 10 e 13 de julho (Fabio Martins/Futura Press)

13 de julho de 2021

18:07

Danilo Alves – da Revista Cenarium

BELÉM (PA) – Em 2021, 15 agentes da Segurança Pública foram executados em ações parecidas, a maioria delas ocorreu em bairros carentes da Região Metropolitana de Belém. Conforme a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), entre as vítimas, sete eram policiais penais, um cargo atribuído em 2019, sob a gestão atual da segurança pública, substituindo assim a função do agente penitenciário. Os últimos casos ocorreram entre os dias 10 e 13 de julho. 

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) acredita que a ordem para as execuções partiu de dentro dos presídios, por isso a Seap suspendeu por 30 dias as visitas em todas as unidades prisionais do Estado. A justificativa é que o Pará enfrenta uma “guerra declarada” oficialmente por parte das principais lideranças de uma facção criminosa.

Sargento do Cope morto em frente própria a casa após a Seap anunciar suspensão de visitas em casas penais (Divulgação)

Na noite de sábado, 10, o policial penal Wellington Cláudio Lima, foi executado dentro da própria casa no bairro do Icuí-Guajará, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. Conforme informações da Divisão de Homicídios (DH), Wellington estava dentro da própria casa, quando dois homens invadiram o imóvel e efetuaram vários disparos contra ele em frente à esposa e os filhos.

Na manhã da última segunda-feira, 12, outro policial penal foi alvo de criminosos, Arilson Wand Furtado da Silva, foi atingido com três disparos de arma de fogo, dois teriam atingido o braço e outro abaixo do peito. Foi socorrido e o estado de saúde é estável no Hospital Metropolitano de Ananindeua. 

Durante a noite, um novo ataque: o sargento do Comando das Operações Penitenciárias (Cope), o PM Marivaldo Lopes da Silva, foi executado quando chegava em casa, no município de Marituba. O suspeito de assassinar o sargento foi morto a tiros em menos de quatro horas após o crime. Conforme o comando do 21º Batalhão da Polícia Militar (PM), Paulo Santos da Silva teria reagido ao avistar que estava sendo monitorado. Segundo o batalhão, ele efetuou disparo de arma de fogo contra a viatura e os agentes revidaram. O homem morreu a caminho da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Icoaraci, distrito da capital. 

O sargento do Comando das Operações Penitenciárias (Cope), o PM Marivaldo Lopes da Silva foi o último policial morto em ataque. (Divulgação/PM)

O último caso ocorreu no bairro do Telégrafo, em Belém. O subtenente da reserva,  identificado como Almir Coelho da Silva teve a casa invadida pelos criminosos, mas conseguiu balear os dois suspeitos, um deles, que ainda não foi identificado, morreu no local.

Visitas em presídios estão suspensas

A Secretaria de Administração Penitenciária do Pará (Seap) suspendeu por 30 dias as visitas em todas as unidades prisionais do estado. O anúncio foi feito após a repercussão dos ataques a agentes da segurança pública, na Região Metropolitana de Belém. A portaria 637/21 foi publicada na edição extra do Diário Oficial na noite da última segunda-feira, 12. 

O documento descreve que Pará enfrenta uma “guerra declarada” oficialmente por parte das principais lideranças  de uma facção criminosa, após o sistema penitenciário vigente ter prejudicado o capital de giro que sustentava o poder exercido pelas lideranças, principalmente devido à retomada da força policial dentro e fora das unidades prisionais. 

O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Ualame Machado informou que o serviço de inteligência da Segup já havia informado a todos os servidores de um possível ataque contra agentes no último final de semana e que trabalha para identificar outras lideranças que possivelmente estão envolvidas nos crimes.

“Já havíamos comunicado servidores que estavam sob ameaça, demos apoio de segurança a maioria deles, mas como não conseguimos prever quem eram as vítimas, essa situação ocorreu. No entanto, já estamos em força-tarefa para identificação e captura das lideranças que ordenaram estes e outros ataque ocorridos este ano aqui no Pará”, completou. 

Novos Ataques

Um áudio do secretário Jarbas Vasconcellos da Seap, que circula nas redes sociais ascendeu sinal vermelho para novos ataques contra agentes da segurança, especialmente aqueles que trabalham nas casas penas da Região Metropolitana de Belém. O secretário pediu que as muralhas seja protegidas com fuzis e ainda especificou que as unidades de Americano 1,2 e 3, localizados na cidade de Marituba, são as que mais precisam de reforços. Ouça o áudio:

 

A Seap não vai se manifestar sobre o áudio, mas o secretário de Segurança confirmou que os agentes estão novamente sendo avisados de possíveis ameaças.