Sem medo, nem disposição de parar. Ouça o que os garimpeiros das balsas do Rio Madeira estão comentando

Ação da PF, com apoio das Forças Armadas, está sendo prepara e deve ser realizada com urgência. (Foto: Bruno Kelly/ Greenpeace)

26 de novembro de 2021

13:11

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os garimpeiros que estão agrupados em balsas, em um trecho do Rio Madeira, no município de Autazes (distante 112 quilômetros de Manaus), afirmam que não temem a fiscalização da Polícia Federal (PF) e da Marinha do Brasil, e que as postagens nas redes sociais, mostrando fotos e vídeos de onde eles estão, não são autorizadas pelos donos das embarcações. As conversas, travadas em um grupo de WhatsApp composto por pessoas que praticam a atividade, foram obtidas, com exclusividade, pela CENARIUM.

Nesta quinta-feira, 25, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, informou que as duas instituições preparam operação para combater o garimpo ilegal na região, o que prevê a abordagem das embarcações e o levantamento da situação legal delas, com a apreensão das que estiverem irregulares.

A mobilização no Rio Madeira aconteceu depois que garimpeiros relataram ter encontrado um grande volume de ouro. Em situações comuns, as balsas vão para a região de forma independente, só que, dessa vez, mais de 300 delas se aglomeraram pelo Rio Madeira, onde se encontram.

“É por isso que eu falo. Toda a postagem que peão faz, é postando em Facebook. Tá lá garimpo do Rio Madeira. Tá lá garimpo do Araricoera. Tudo que eles faz está postando. Cara, o camarada não sabe trabalhar, não sabe ficar quieto, não, pô? Aí toda vez quer postar alguma coisa. Pra mim, um dono de máquina tinha que mandar um camarada desse ir embora. Se eu fosse um dono de máquina, eu mandava era embora”, diz um dos garimpeiros em áudio.

A troca de conversa foi feita em um grupo no WhatsApp. (Reprodução)

Em outro momento, o mesmo homem afirma que não perdoava a publicação do local de extração do minério. “Eu não perdoava não, um camarada desse aí. Eu pegava fazer uma filmagem e jogar em Facebook. Na hora, que se eu vê uma coisa dessa, se eu fosse ‘dono de máquina’, eu mandava embora. Cê ta doido, é!” finaliza o homem.

A troca de conversa foi feita em um grupo no WhatsApp. (Reprodução)

Um outro homem comenta que quem trabalha no garimpo não deve estar postando nada. “Pra te falar a verdade mano, quem está trabalhando dentro do garimpo não pode estar postando nada pra ninguém ver não, porque aí chama atenção, entendeu?”, afirma o rapaz.

A troca de conversa foi feita em um grupo no WhatsApp. (Reprodução)

Operação

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse nesta quinta-feira, 25, que a atuação de centenas de garimpeiros em balsas ilegais no Rio Madeira pode ter o apoio de membros do tráfico de drogas. Segundo o vice-presidente, o interesse do narcotráfico em explorar as rotas fluviais da Amazônia passa não apenas pelo transporte de drogas, mas também pelo comércio de ouro.

“Nós temos tido vários informes de que o narcotráfico, essas quadrilhas, na ordem de proteger suas rotas, subiram para lá. Uma das formas de se manterem é apoiando ações dessa natureza (garimpo). Até porque, se o ouro é extraído ilegalmente, é um ativo que eles podem trocar por droga”, afirmou Mourão.

O vice-presidente comentou que a Polícia Federal (PF), a Marinha e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já estão se preparando para agir. “A Marinha tem de verificar quem tem embarcação legal. O pessoal que está na ilegalidade vai ter a embarcação apreendida”, disse.