Sindicato fluvial quer parceria com SSP para reduzir ataques de ‘piratas’ nos rios do Amazonas

Barcos na orla de Manaus (Divulgação)

18 de janeiro de 2022

11:01

Karol Rocha – Da Revista Cenarium

MANAUS – Os ataques de “piratas” a navegações fluviais são comuns em rios do Amazonas. Um dos casos mais recentes ocorreu em dezembro do ano passado na área do rio Madeira, entre os municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e a comunidade Rosarinho, em Autazes, onde uma lancha com passageiros foi assaltada pelos chamados “piratas de rio”.

Em outubro de 2021, uma dupla de pescadores foi atacada na região do rio Apuaú, no município de Novo Airão (AM). Um dos pescadores chegou a ser morto por criminosos. Com a falta de segurança nas bacias hidrográficas que percorrem o Estado, o Sindicato dos Fluviais da Seção de Convés do Estado do Amazonas (Sindflu-AM) diz que pretende dialogar com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-AM) para que haja a queda da criminalidade em meio aos rios.

“O problema da pirataria não é tão recente e vem se multiplicando com o passar dos anos. Ainda não temos nenhuma parceria com a SSP, contudo estamos em busca de reuniões para que possamos traçar planos de contenção dessa prática”, comentou o vice-presidente do Sindflu, José Maria Moura.

“Uma das alternativas é levantar os dados junto com a SSP de registros de ocorrências e ver os pontos que mais ocorrem o crime, e a partir daí deslocar patrulhas da Polícia Militar nesses pontos. Podemos destacar, ainda, a importância da base Anzol, que fica justamente em base estratégica. Ela é uma base da Polícia Militar que está em constante movimento pelos rios, justamente para combater os diversos crimes que ocorrem nessas áreas”, disse ainda. A Base Anzol fica a 1.108 quilômetros de Manaus e atua nas áreas de divisas e fronteiras do Amazonas.

Conforme José Maria Moura, além de fortificar o diálogo com o órgão público, o Sindflu pretende fechar, com a ajuda da SSP-AM, um relatório com o levantamento das ocorrências de roubo e assassinato em rios. Ele destaca ainda a importância de se ter um olhar diferenciado para os rios já que grande parte do escoamento de produtos vem do transporte fluvial.

“Pretendemos fortificar o diálogo, demonstrando que a nossa categoria é de extrema importância para o escoamento de produtos, e importação de produtos, pois temos uma malha fluvial gigantesca, e no Amazonas as nossas estradas são os nossos rios. Então, a partir do momento que ações criminosas façam com que empresas invistam em segurança armada, o produto final também pode sofrer com isso”, concluiu.

Proposta do Sindarma

Em dezembro do ano passado, com a cúpula dos órgãos que atuam na segurança pública no Estado, o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Amazonas (Sindarma) propôs uma parceria para ampliar a realização de operações nos rios e também para a construção de balsas fluviais a serem cedidas para que os agentes possam atuar nas áreas com maior incidência de roubos, assaltos e ataques contra as embarcações.

De acordo com o presidente do Sindarma, Galdino Alencar Júnior, o projeto para construção das balsas seria totalmente realizado pelas empresas transportadoras associadas ao sindicato – com toda a estrutura de alojamentos e instalações necessárias para abrigar as forças policiais e de fiscalização – para serem cedidas à Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) aumentarem sua presença de modo permanente nos rios e no combate à ação dos criminosos.

No mês passado, com o intuito de buscar apoio contra os piratas no Amazonas, o Sindarma também esteve reunido esta semana com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em Brasília, para apresentar a situação de urgência do setor no Amazonas. “Não se sabe mais quem é polícia e quem é bandido, porque muitas vezes eles fazem as abordagens vestidos com uniformes dos órgãos de segurança. Com as agressões físicas e até mortes de tripulantes, em pouco tempo será difícil manter a regularidade no abastecimento de combustível e de alimentos para o interior, porque ninguém vai arriscar a própria vida”, disse Galdino.