09 de outubro de 2020
16:10
Náferson Cruz – Revista Cenarium
MANAUS – Embora a Cachoeira Baixa, localizada no bairro Tarumã-Açu, na zona Oeste, tenha sido um dos points de lazer mais frequentados de Manaus, até o início da década de 90, hoje, a situação no local está cada vez pior – de “cortar o coração”. O grau de poluição é tão elevado que colunas de espuma se formam ao longo de toda a extensão do igarapé.
A situação deixa consternado quem mora nas proximidades do local e quem já se banhou nessas águas como o comerciante Joílton Andrade. De acordo com ele, normalmente a espuma fica mais espessa no início da manhã e nos fins de tarde.
O cenário insuflado de espuma foi registrado pela REVISTA CENARIUM e chamou atenção pela quantidade de espuma. Para o marceneiro Mauro Lima, 45 anos, apesar da cena ser corriqueira para quem mora no local, o descaso com o meio ambiente traz incômodo aos moradores.
“Quando eu era criança, brinquei muito nessa cachoeira, era muito bonita e vinham pessoas de todos os bairros, agora está nessa condição, totalmente imprópria para o banho”, comentou.
A aposentada Maria Francisca Bentes, 69 anos, diz que a mancha de espuma que apareceu é consequência da poluição dos dias secos. Segundo a moradora, todos os anos, nesta mesma época, as espumas aparecem. “Já estou acostumada com isso, quando o rio começa a encher, as espumas aparecem. Quando o vento está forte, as espumas sobem. Isso fica assim por uns vinte dias e depois desaparece”, disse Maria, que mora no local há 30 anos.
Em uma das vezes que o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), regional Manaus, se posicionou sobre o assunto, informou que a formação de espuma dessa magnitude não é normal e, geralmente, são formadas pela quantidade em excesso de detergente na água. As colunas de espuma, segundo o CPRM, também podem ser formadas pela falta de oxigênio na água em função do igarapé que está raso, o que pode gerar excesso de bactérias, ocasionando a formação de espumas, mas nem toda vez acontece isso.
As imagens com as colunas de espuma foram encaminhadas ao pesquisador Sérgio Bringel, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) para analisar as causas do fenômeno.
O pesquisador já registrou essa situação na bacia do Tarumã em palestras, principalmente nos igarapés da Bolívia e do Passarinho, onde já houve mudança na composição da água e formação de espuma de origem química.