Toada amazônica ganha versão eletrônica que ‘promete’ invadir raves e festas

A versão conta com participação das cantoras Thaline Karajá e Narubia Werreria, que estão na 2° Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília (Divulgação/Assessoria)

11 de setembro de 2021

19:09

Mencius Melo – Especial para Cenarium

MANAUS – Com a desaceleração da pandemia, eventos alusivos ao festival de Parintins ganham força e com eles o ritmo da toada. Depois da versão para “Um Mundo Novo”, toada do Boi Garantido regravada pelos rappers BNegão e Shackal, agora é a vez de “Anauê Cunhã – A Revolução das Cunhãs”, que pelas mãos do DJ Claudinho Brasil irá se tornar “Anauê Cunhã – Ninguém Solta A Mão de Ninguém”. A versão chega no final de setembro nas plataformas de streaming.

A toada foi composta em 2020 e faz parte do álbum “Somos O Povo da Floresta” do Boi Garantido. Os autores são os compositores Enéas Dias, João Kennedy e Marcos Moura. O trio é conhecido como “Os Baiás” e suas obras são direcionadas ao Boi Garantido. A CENARIUM conversou com exclusividade com o compositor Enéas Dias, um dos autores da toada.

Os compositores da canção, Enéas Dias, João Kennedy e Marcos Moura. O trio é conhecido como “Os Baiás” (Reprodução/Assessoria))

De acordo com o artista parintinense, o DJ Carlinhos Brasil descobriu a obra quando assistiu o especial “Falas da Terra”, da Rede Globo. “Anauê Cunhã foi tema de abertura do especial e ao ouvir Claudinho se identificou automaticamente com a obra”, contou Enéas. “Ele entrou em contato comigo e com o Marcos Moura e o João Kennedy se propondo a produzir e lançar a nova versão”, relembrou.

Expectativa

Ainda de acordo com Enéas Dias, são grandes as expectativas quanto ao resultado final do trabalho. “Estamos ansiosos para saber como vai ficar o trabalho e como a galera vermelha e branca vai reagir, afinal, o torcedor do Garantido é tradicionalista, mas não é fechado às novidades”, declarou. “Sei que teremos o olhar crítico, mas também o olhar de felicidade pelo boi estar muito além das fronteiras de Parintins e do festival”, comentou.

O DJ e produtor Claudinho Brasil (Divulgação/Assesoria)

A versão eletrônica de Claudinho Brasil contará com a participação dele, do Boi Garantido e das cantoras indígenas Thaline Karajá e Narubia Werreria. As duas intérpretes estão na 2° Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília. Por isso, Enéas acredita no simbolismo da toada. “A toada pode se tornar mais uma voz, já que suas duas intérpretes fazem parte da luta dos povos indígenas. É um olhar poético e histórico em torno da música”, avaliou.

A versão conta com a participação das cantoras Thaline Karajá e Narubia Werreria, que estão na 2° Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília (Divulgação/Assessoria)

Questionado se os compositores apoiam as causas e a luta dos povos indígenas e se a música Anauê Cunhã foi apenas uma coincidência, Enéas respondeu. “Não é coincidência. É engajamento. A toada foi inspirada na 1° Marcha das Mulheres Indígenas ocorrida em 2019. Temos a preocupação de ter um olhar para as causas sociais e de passar uma mensagem via Garantido junto àqueles que admiram o festival de Parintins”, destacou Enéas Dias. “Por isso o Garantido é conhecido como o Boi do Povão”, finalizou.

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