Unilever anuncia que vai retirar termo ‘normal’ das embalagens de higiene e produtos de beleza

Ela também pretende promover a equidade de gênero, impulsionar a saúde e bem-estar e contribuir para o fim da discriminação na beleza (Reprodução/ Internet)

10 de março de 2021

12:03

Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – A empresa britânica multinacional de bens de consumo Unilever anunciou nesta terça-feira, 09, que não vai mais utilizar o termo “normal” para qualificar tipos de cabelos e pele nos produtos lançados pela fabricante. A disposição serve para os objetos de consumo feitos pela marca como os produtos da linha Seda e Dove, por exemplo.

A ação está ligada ao movimento Beleza Global e tem como objetivo ampliar a percepção dos consumidores e das empresas sobre o que é a diversidade. A decisão foi tomada após uma pesquisa realizada com 10 mil pessoas em nove países, incluindo o Brasil.

Para o psicólogo Adan, a decisão é de grande relevância e funciona como ressignificação. “O termo normal tende a carregar estereótipos que no campo da saúde mental é um contraponto do anormal. Já na indústria da beleza, a definição de normal é uma pessoa branca, magra, alta, cabelo liso e quem não se encaixa nesse padrão passa a ter a conotativa do feio ou do ruim”, pontua Adan.

Ele afirma ainda que é preciso reconhecer as diferenças. “É justamente aí que está a importância desta iniciativa, pois abre espaço para aceitar todo tipo de corpo, cabelo e diversidade humana reconhecendo que existe beleza nisso tudo”, explica.

A marca também quer ampliar a diversidade no ramo da beleza (Reprodução/Internet)

Primeiros passos, novos caminhos

Dentre as respostas obtidas durante a pesquisa, afirmações de que o uso da palavra “normal” estampados nas embalagens de produtos de beleza pode colaborar para uma percepção negativa da autoestima.

O psicólogo explica que mudar o sentido das palavras ou contexto em que elas estão inseridas é essencial para que ocorram mudanças ainda que pareçam ser mínimas. Por isso, problematizar o termo e partir para uma retirada do uso abre caminhos para que outras iniciativas voltadas para o universo mercadológico da beleza aconteçam.

“O primeiro passo ainda que singelo é esse mesmo. Parece ser bobo, mas não é. E isso gera um viés de reconhecimento das pessoas sem que elas tenham vergonhas de serem quem são. Problematizar a nomeação, questionar, dar visibilidade, abrir um leque maior para a diversidade e o capacitismo são caminhos e iniciativas assim abrem espaço para uma reflexão para mudanças positivas”, ressalta o psicólogo.

Compromisso

A fabricante também se propôs a não alterar ou modificar digitalmente o formato ou proporções das imagens das pessoas que participem dos anúncios da empresa. A marca ainda tem como intuito ampliar a diversidade nas propagandas de seus itens.

Retirar o termo “normal” das embalagens dos cosméticos e produtos de higiene é apenas um ato que compõe uma série de novas posturas adotadas pela empresa. Ela também pretende promover a equidade de gênero, impulsionar a saúde e bem-estar e contribuir para o fim da discriminação na beleza.