Votação do marco temporal é adiada para 1º de setembro

Indígenas deixam praça dos 3 poderes depois de nova suspensão de julgamento do Marco Temporal (Cassandra Castro/Cenarium)

26 de agosto de 2021

19:08

Cassandra Castro – Da Cenarium

BRASÍLIA (DF) – Não foi dessa vez que os povos indígenas conseguiram ver encerrada a questão do marco temporal, tese jurídica que, na visão de lideranças e apoiadores do movimento indígena brasileiro e internacional, representa uma séria ameaça ao direito à terra, bem mais precioso para os povos originários. O julgamento foi suspenso, pela segunda vez nesta semana, e a matéria voltará a ser discutida no dia 1º de setembro.

O acampamento Luta pela Vida reúne, em Brasília, desde o último domingo, 22, aproximadamente, seis mil indígenas e mais de 170 etnias, que foram à Capital Federal para chamar a atenção de toda a sociedade e dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para as causas que atingem essas comunidades, principalmente do julgamento do marco temporal.

Adonir Guarani-Kaiowá espera que marco temporal não passe no julgamento do STF (Cassandra Castro/Cenarium)

O indígena Adonir, da etnia guarani-Kaiowá, mora em uma aldeia no município de Eldorado, Mato Grosso do Sul. A exemplo dos outros indígenas, ficou frustrado com a suspensão, pela segunda vez, do julgamento da matéria pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Mesmo sem a resposta definitiva do judiciário, o indígena torce para que tudo dê certo.

“Eles [os ministros do STF] têm que olhar para o nosso lado, nossa salvação é a terra mesmo, tendo a terra fica contente a nossa família, nossa mãe, nossa avó. A luta vai continuar”, afirmou Adonir. Para o secretário-adjunto do Conselho Indigenista Missionário, Cleber Buzatto, apesar do adiamento não ter sido o cenário ideal, a decisão dos magistrados é um avanço no assunto.

“É importante reconhecer e valorizar o fato de que o julgamento teve início e o compromisso do próprio presidente, do próprio Supremo, de que o julgamento terá continuidade na próxima semana. Isso também é resultado da mobilização forte dos indígenas. O processo da decisão é complexo, mas a gente considera uma vitória tática de grande importância”, frisou Cleber.

De acordo com a programação divulgada no site da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), nesta sexta-feira, 27, haverá duas plenárias. Pela manhã, uma que vai tratar da Aliança pela Vida, pacto com os movimentos sociais, organizações indigenistas e aliados da causa indígena e, à tarde, a plenária Vida é Luta, com a leitura do documento final do acampamento. No sábado, 28, começa o movimento de retorno das delegações aos seus locais de origem.