Comando da campanha avalia que comício de Lula em BH atraiu multidão, mas pensa em ajustes

Lula, em BH (Arte: Mateus Moura)

22 de agosto de 2022

16:08

O primeiro comício da campanha de Lula, na Praça da Estação, em Belo Horizonte, foi considerado um sucesso pelo comando da campanha por conta do grande público. Chegou-se a falar em 100 mil pessoas, mas quem conhece o espaço calcula que havia cerca de 30 mil. O ato, no entanto, mostrou que o formato ainda precisa de ajustes. Em relação a Janja, avaliam que ela ocupou mais o microfone do que os candidatos a vice, Geraldo Alckmin, e ao governo e Senado, que tiveram que a falar às pressas. Há quem defenda que Janja seja aproveitada de outra forma.

Mordeu a isca

Outro ajuste será quanto ao mestre de cerimônias, o jornalista Chico Pinheiro, que falou em vitória no primeiro turno quando a ideia é evitar o “salto alto”. Mais uma avaliação do comando da campanha é que Lula voltou a falar várias vezes, no comício de BH, sobre religião. Para aliados, isso é visto como sinal de que o petista mordeu a isca e não encontrou saída para driblar o predomínio do presidente Jair Bolsonaro entre os evangélicos. Ele precisou desviar da estratégia original da campanha, que era manter o foco na questão econômica e na vida real das pessoas, e evitar a qualquer custo entrar nas pautas lançadas pelo bolsonarismo.

Preparação JN

A equipe de campanha de Jair Bolsonaro passou os últimos dias preocupada por conta da entrevista ao Jornal Nacional, nesta segunda-feira, 22. Não teme sobre as respostas sobre questões do governo, mas o temperamento de Bolsonaro, que anda explosivo. Acha-se que possíveis questionamentos pessoais, que ele considere inquisitórios, sobretudo sobre a sua família, podem fazer com que ele se levante e abandone a bancada do JN. No entanto, interlocutores de Bolsonaro garantem que ele irá de espírito desarmado e aberto à sabatina, mas, no fundo, não acreditam que ele aceite passivamente narrativas que o aborrecem.

Mal-estar com Guedes

As recentes declarações do ministro Paulo Guedes de que para a continuidade do Auxílio Brasil seguir pagando R$ 600 no ano que vem dependerá de encontrar uma fonte de recursos causou mal-estar na campanha de Bolsonaro. As ponderações da equipe de campanha são de que a fala de Guedes reforça o argumento petista de que o benefício seria “eleitoreiro” e o governo acabaria com ele se Bolsonaro for reeleito. Com isso, entra em campo a esforço turma que trabalha para acabar com as intrigas e amenizar o clima, no entanto, ala política defende que o ministro da Economia evite declarações como estas.

Nova CPMF

Falando em agenda econômica, independentemente do nome ou do formato, a ideia de um tributo sobre transações financeiras está mais viva que nunca e as apostas são fortes para que ela seja aprovada no ano que vem. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 7 tramita na comissão especial da Câmara depois de ser aprovada na CCJ em novembro do ano passado. O deputado General Peternelli (União-SP), vice-líder do governo na Câmara, manifestou-se favoravelmente ao imposto, capaz de substituir todos os demais, aumentar a arrecadação e diminuir a carga tributária.