Em Roraima, 35 trabalhadores em condições análogas à escravidão são resgatados

Seis foram encontrados em atividades de desmatamento enquanto outros 29 eram submetidos a condições humilhantes em uma fazenda (Divulgação/ MTE)

23 de março de 2023

13:03

Bianca Diniz – Da Agência Amazônia

BOA VISTA (RR) – A operação Caqueado IV, realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Roraima, teve como resultado o resgate de 35 trabalhadores em situação degradante e análoga à escravidão. A ação, que ocorreu entre os dias 16 e 22 de março, foi coordenada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM).

Dos trabalhadores resgatados, seis foram encontrados em atividades de desmatamento no município de Caracaraí, enquanto outros 29 eram submetidos a condições humilhantes em uma fazenda em Amajari. Segundo informações das autoridades, cinco dos trabalhadores resgatados em Caracaraí trabalhavam diretamente no corte da madeira, enquanto o sexto era cozinheiro.

Operação que resgatou os trabalhadores foi realizada entre os dias 16 e 22 de março (Divulgação/MTE)

Todos os trabalhadores encontrados durante a operação foram recrutados nos estados do Pará e Mato Grosso, com a promessa de salários mensais entre R$ 4 mil e R$ 6 mil.Os trabalhadores resgatados enfrentavam condições precárias e alarmantes.

Sem acesso à água potável e banheiros, dormiam em barracas improvisadas. Além disso, eram submetidos à extração de madeira nativa com uso de tratores e motosserras, sem o uso de equipamentos de proteção, sendo expostos a diversos riscos, como cortes e ferimentos durante o trabalho na mata.

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Operação

A quarta edição da Operação Caqueado foi realizada com a colaboração entre órgãos governamentais e entidades da sociedade civil: Ministério Público Federal, Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, a Defensoria Pública da União, Polícia Rodoviária Federal e o Ibama.

Durante a operação, auditores fiscais do trabalho emitiram guias de Seguro-Desemprego em favor das vítimas do trabalho escravo, fornecendo três parcelas de um salário-mínimo para cada. Além disso, a DPU e o MPT firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o responsável pela exploração, prevendo o pagamento de um salário mínimo por mês trabalhado a título de dano moral individual para cada trabalhador.