Entenda como ‘afrobetização’ pode promover identidade positiva e orgulho étnico

Mãos em resistência (Composição/Wesley Santos)

29 de abril de 2024

15:04

Carol Veras – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – O termo “afrobetização” ganhou significado para se referir a uma abordagem educacional que visa inserir elementos históricos, culturais e demais contribuições dos povos africanos e afrodescendentes no ambiente escolar. A ideia busca promover autoestima, bem como identidade positiva e o orgulho étnico entre os estudantes negros, além de corrigir distorções históricas.

No artigo científico “Afrobetizar: Uma possibilidade de ação educativa a partir da afirmação e fortalecimento da negritude em comunidades”, os pesquisadores Gessica Justino e Frank Wilson Roberto afirmam que o termo se baseia numa ideia de proporcionar experiências na qual a pessoa negra é vista de forma positiva desde cedo.

“Era preciso alfabetizar a criançada na negritude para que elas pudessem falar sobre suas vidas enquanto crianças negras com menos agressividade e mais carinho” escrevem os autores.

Criança negra em sala de aula (Reprodução/iStock)

As estratégias educacionais da afrobetização incluem desde aulas de danças populares e capoeira até roda de conversas, rimas, leitura, pintura e grafite nas ruas, como acontece no Museu das Favelas, que virou um ponto turístico importante da cidade de São Paulo. O local foi inaugurado em 2022 com o propósito de iluminar uma narrativa que transcende os estereótipos de uma cidade com mais de 1.700 favelas.

Dentro do museu, os visitantes têm a chance de mergulhar na riqueza das tradições, histórias e expressões culturais que brotam das favelas por todo o Brasil. Contudo, conforme ressaltado pela administração do museu, o aspecto mais significativo é que ele se torne um espaço de acolhimento e conexão, onde todos se sintam bem-vindos e conectados.

Museu das Favelas (Reprodução/Governo de SP)
Afrobetização em Manaus

Em Manaus, no Amazonas, a produtora Café Preto Produções é responsável por difundir a cultura negra e “afrobetizar” a capital. O cocriador e produtor cultural Paulo Martins destaca que o principal objetivo é “cultivar afetos, narrativas e arte negra”.

A última exposição artística do grupo aconteceu no dia 9 de março, batizada de “Encruzilhadas Amazônicas”, e promoveu arte multimídia e digitalizada sobre negritude, essência amazônida e identidade. O site oficial da iniciativa reúne obras de 17 artistas nortistas, dentre poemas, fotografias e produção audiovisual.

Exposição Encruzilhadas Amazônicas (Carol Veras/CENARIUM)
Polêmica

Em março deste ano, a cantora Wanessa Camargo gerou dúvidas ao dizer que estava passando por um processo de afrobetização após ser expulsa do Big Brother Brasil 24 (BBB 24) acusada de racismo. O episódio levou a artista a buscar uma assessoria especializada em negritude.

A mestra em ensino de História afro-brasileira Carol Sodré ficou responsável por afrobetizar a cantora. A educadora esclareceu nas redes sociais que a afrobetização tem o “propósito de levar pessoas brancas a estudarem a história de uma forma diferente, ou seja, analisarem a história não contada”.

Carol Sodré (Reprodução/Redes Sociais)
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Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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