Manaus entra em situação de emergência por seca histórica do Rio Negro

Área atingida pela estiagem em Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium Amazônia)

29 de setembro de 2023

00:09

Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A capital do Amazonas entrou e vai permanecer por 90 dias em estado de emergência devido à seca do Rio Negro, a maior dos últimos dez anos, de acordo com medições do Porto de Manaus. O decreto que institui a situação foi assinado nesta quinta-feira, 28, pelo prefeito David Almeida, no Centro de Cooperação da Cidade (CCC), na Zona Centro-Sul manauara.

Com a cota em 16,11 metros até esta manhã, a estiagem causa prejuízos às populações ribeirinhas e rural de Manaus. A cidade está entre os 37 municípios em alerta pela descida das águas, segundo a Defesa Civil do Amazonas.

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O prefeito de Manaus, David Almeida, e secretários reunidos no ato de assinatura do decreto de situação de emergência (Dhyeizo Lemos/Semcom)

O chefe do Executivo afirmou que entre as medidas de apoio às famílias afetadas pela seca estão a entrega de botes, construção de poço artesiano, além de alimentos. Os insumos que vão ser distribuídos são provenientes da arrecadação no #SouManaus.

“Amanhã [sexta-feira] vamos entregar 60 botes com motores para as comunidades que estão afetadas. A nossa estimativa é de furar uns 30 postos artesianos para levar água e essa estrutura ficar permanente nessas comunidades (…) Vamos levar alimentos também”, enfatizou David Almeida.

O estado de emergência é uma determinação que ocorre quando é observada iminência de danos à saúde e aos serviços públicos. Ele é diferente do estado de calamidade pública, que acontece quando essas situações já estão instaladas.

Seca histórica

Dados coletados pela REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA no medidor oficial do Porto de Manaus mostram que a cota do Rio Negro chegou a 16,41 metros (m) nessa quarta-feira, 27, com uma vazante de 33 m no volume do rio. Em 2022, na mesma data, o rio media 22,21 m, registrando uma vazante de 22 m, com o dia mais grave registrado em 12 de outubro, quando o rio desceu 26 metros, com uma cota de 18,55 m.

A atual medição ainda não superou a seca histórica de 2010, quando o Rio Negro chegou à cota mínima de 13,63 metros, registrada no dia 24 de outubro daquele ano. Apesar disso, é possível que o nível do rio reduza ainda mais até o fim de outubro por conta do período sazonal e ultrapasse a medição recorde.

Levantamento mostra o comportamento da seca do Rio Negro nos últimos 10 anos (Infográfico: Mateus Moura)

O Governo do Amazonas prevê que a seca deste ano pode ser a mais severa já registrada, isso porque o rio deve secar ainda mais até outubro. Em todo o Estado a estiagem já afeta 111 mil pessoas. Na terça-feira, 26, ministros do Governo Lula e o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), anunciaram medidas de combate à seca, com a criação de uma força-tarefa para reforçar as ações realizadas para apoiar as mais de 100 mil pessoas afetadas na região.

Editado por Jefferson Ramos