Missão Yanomami: iniciativa combate à desnutrição infantil em comunidades indígenas
24 de abril de 2023
12:04
Bianca Diniz – Da Agência Amazônia
BOA VISTA (RR) – A Missão Yanomami liderada pelo Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami) completou três meses na sexta-feira, 21. Com o objetivo de combater a desnutrição infantil em comunidades indígenas, fornecendo cuidados médicos e nutricionais adequados, a iniciativa realizou, até o momento, mais de 5,3 mil atendimentos em locais estratégicos.
Os locais que participam da iniciativa são: a Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y), os polos-base na Terra Indígena Yanomami (TIY), o Hospital de Campanha das Forças Armadas e o Hospital Geral de Boa Vista (HGR).
Nos últimos três meses, cerca de 50,4% das altas hospitalares registradas na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai-Y) foram de crianças e adolescentes com até 14 anos, totalizando 764 altas de indígenas menores de 14 anos desde janeiro deste ano. Apesar desses avanços, ainda há seis crianças em estado grave e outras 26 em tratamento.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a Missão Yanomami é uma ação interministerial que garante o acesso à saúde e nutrição adequadas para as comunidades Yanomami, em prol da redução dos índices de desnutrição infantil e melhoria da qualidade de vida.
Ações positivas
O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, analisou positivamente o balanço das ações. “Conseguimos reduzir, significamente, o número de óbitos. Alguns agravos de malária, de desnutrição e de doenças respiratórias também foram controlados”, destacou.
Veja a tabela abaixo:
Área | Ações realizadas |
---|---|
Saúde | Distribuição de 369.391 unidades de medicamentos para malária |
Envio de 103.719 medicamentos para a Casai | |
Distribuição de 23.951 máscaras de proteção | |
Disponibilização de 50 litros de inseticida | |
Atuação em 37 polos-base, 31 Unidades Básicas de Saúde Indígena e 376 comunidades indígenas | |
100 crianças receberam megadose de vitamina A | |
Infraestrutura | Iniciada a reforma elétrica do polo-base de Surucucu |
Finalização das melhorias de 22 banheiros em conjunto com a Unicef | |
Início da reforma geral dos 4 banheiros da enfermaria | |
Perfuração de poço da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) do Surucucu | |
Instalação de lixeiras na Casai | |
Monitoramento da qualidade da água na Casai | |
Alimentação | Estruturação da cozinha no polo-base de Surucucu |
Atividades na Casai relacionadas à importância do tratamento da desnutrição |
Fórmula nutricional
Para lidar com a desnutrição infantil, a ação desenvolveu uma fórmula nutricional inovadora para crianças indígenas menores de 10 anos, que sofreram desnutrição. A fórmula é baseada em alimentos da cultura tradicional da etnia, como açaí e bacaba, adicionados ao leite terapêutico utilizado no tratamento das crianças. Essa adaptação aumenta a aceitação dos pequenos pacientes, contribuindo para o avanço do tratamento.
Além disso, mais de 18 mil cestas básicas foram entregues, totalizando 3.022 quilos de alimentos, e a operação conta com aproximadamente 630 profissionais qualificados no atendimento aos indígenas, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e dentistas, além de equipes de gestão, apoio administrativo e construção.
Avanços significativos
O trabalho conjunto da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) com outras instituições resulta em avanços significativos, como a redução no número de óbitos e o controle de alguns agravos de malária, desnutrição e doenças respiratórias. O protocolo para gestantes no “Material de Orientação para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição: Atenção à Desnutrição da População Yanomami” também foi atualizado.
A coordenadora do COE-Y, Ana Lúcia Pontes, afirma que o êxito da operação é resultado da mobilização do governo federal e da ação integrada das secretarias do Ministério da Saúde. “A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, por exemplo, tem sido o braço direito da atuação com o COE-Yanomami” destacou.
Para a coordenadora, o maior desafio foi enfrentar o desmonte da saúde pública. “Na raiz desse problema da grave desassistência sanitária e humanitária está o desmonte de políticas públicas”, completou Pontes.
Missão contínua
O COE-Y está transitando de ações pontuais e emergenciais para a implementação de ações estruturantes e de rotina em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), visando aumentar a assistência e o acompanhamento no tratamento da tuberculose e outras questões de saúde.
Além disso, a Missão Yanomami deve priorizar a qualificação dos profissionais que já atuam no Dsei-Y, não apenas nas áreas técnicas, mas também na compreensão das questões culturais e antropológicas dessa população.