No AM, operação conjunta apreende duas toneladas de drogas; Rio Negro é utilizado como nova rota para o tráfico

Além das duas toneladas de droga do tipo Skank, também foi encontrado uma arma de fogo com munições e um telefone celular que deve ser usado nas investigações(ívina Garcia/ REVISTA CENARIUM)

20 de julho de 2022

21:07

Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – Na tarde desta terça-feira, 19, duas toneladas de drogas foram apreendidas em operação conjunta da Polícia Federal (PF), Comando de Operações Especiais (COE) e Comando de Policiamento Especializado (CPE) da Polícia Militar (PM), no arquipélago de Anavilhanas, no município de Novo Airão, distante 115 km de Manaus.

A denúncia, repassada pelo Drug Enforcement Administration (DEA/EUA), apontava para a utilização do Rio Negro como nova rota para escoamento do tráfico de drogas vindo da Colômbia e Venezuela. Além das duas toneladas de droga do tipo Skank, também foi encontrado uma arma de fogo com munições e um telefone celular que deve ser usado nas investigações. Ninguém foi preso.

De acordo com a A PF, somente no ano de 2022 já são mais de 8 toneladas de drogas apreendidas no Amazonas (Reprodução/Polícia Federal)

Até julho de 2022, a Polícia Federal apreendeu mais de oito toneladas de drogas no Estado do Amazonas e segundo o delegado Victor Motta, chefe da Delegacia de Repressão a Drogas da Polícia Federal, as ações conjuntas com a Polícia Militar tem sido essenciais para coibir o tráfico de drogas pelos rios.

“Em 2022, só a Polícia Federal apreendeu mais de oito toneladas de entorpecentes no estado. Em operações com a Polícia Militar, dessas oito, quatro toneladas foram apreendidas em conjunto, o que demonstra o resultado do nosso trabalho, que tem sido bem proveitoso”, diz.

Operação conjunta da Polícia Federal (PF), Comando de Operações Especiais (COE) e Comando de Policiamento Especializado (CPE) da Polícia Militar (PM) apreenderam duas tolenadas de drogas no Arquipélago de Anavilhanas (Ívina Garcia/CENARIUM)

Rota do tráfico

Pouco utilizada, a rota pelo Rio Negro, que parte da fronteira do Brasil com a Venezuela e Colômbia, mais ao norte do Estado do Amazonas, passa pelo município de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro e finda na capital Manaus, está sendo o novo fluxo do narcotráfico.

O uso desse canal só fortalece a relação entre os crimes ambientais e o narcotráfico no Estado. No município de Novo Airão, onde as duas toneladas de drogas foram localizadas, também predominam paralelamente a pesca ilegal do peixe piracatinga, cujo manejo e venda no Brasil é proibida. No entanto, a comercialização na Colômbia é ampla e serve como meio ferramenta usada pelo contrabando para lavar dinheiro do tráfico de drogas.

Mapa do escoamento do tráfico de drogas no Amazonas (Arte/UOL)

Apesar de não ter informações concretas que liguem essa última apreensão à pesca ilegal e ao garimpo, o delegado Victor Motta, afirma que a região possui uma forte conexão entre crimes ambientais e o tráfico de drogas.

“Em diversas investigações sobre drogas no estado a gente tem percebido uma ligação com crimes ambientais com o tráfico. A pesca ilegal ou as vezes crimes ligados a extração de minérios da união, o garimpo ilegal. Então de fato há uma ligação entre esses crimes”, disse o Delegado.

Pesca ilegal e o tráfico de drogas

O Rio Solimões, partindo da tríplice fronteira com a Colômbia e Peru, mais ao Oeste do Estado, no município de Atalaia do Norte, é conhecida como a principal rota do narcotráfico. Mas com o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips e a prisão de pescadores envolvidos no caso na região, os traficantes buscam outros itinerários, como o Rio Negro.

A área onde aconteceu o crime é de floresta densa e caminhos fluviais perigosos No local, existem 26 povos indígenas, alguns isolados e outros de recente contato. Localizada na tríplice fronteira, Brasil-Peru-Colômbia, a região possui a constante presença do narcotráfico e da pesca ilegal que se retroalimentam.

Intensificação

O comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas, coronel Marcus Vinícius Oliveira de Almeida, afirmou que no planejamento estratégico do Governo do Estado, para os próximos três anos, está prevista a criação de, pelo menos, cinco novas bases de operações nos rios.

Bases fluviais são utilizadas para repreensão ao tráfico de drogas no Amazonas (Divulgação)

Além das bases Anzol, em Tabatinga e Base Arpão, em Coari, o comandante revelou que há 15 dias a base Tiradentes foi movida até os municípios de Maraã e Japurá, além da existência de outra base blindada em Tonantins e, no momento, estudam novas ampliações. “O objetivo e combater diretamente a questão da pirataria, que tem assolado as regiões do interior, e também o tráfico de drogas”, finaliza.