‘Peço apenas respeito’, diz filha de desaparecido da BR-319 após bombeiros encontrarem ossada
20 de fevereiro de 2023
11:02
Ívina Garcia – Da Agência Amazônia
MANAUS – Cinco meses após a queda da ponte sobre o Rio Curuçá, no quilômetro 25 da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho (RO), uma ossada humana foi resgatada na sexta-feira, 17, por uma equipe de mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e pode pertencer à única vítima ainda desaparecida, identificada como João Nascimento Fernandes, de 58 anos, servidor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
A ossada foi localizada em duas horas de trabalho da equipe de mergulhadores, que faz apoio à empresa responsável por retirar os escombros da ponte. Após o recolhimento do material, a equipe entregou ao Instituto Médico Legal (IML) e deve passar por exame pericial de DNA para o processo de identificação.
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Familiares de João foram informados pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) sobre o encontro da ossada e no momento aguardam o resultado do exame. Uma das filhas da vítima usou as redes sociais para se pronunciar sobre o caso.
Kelly Araújo Fernandes lembra que foram cinco meses de incertezas e sofrimento, e que agora a família pode ganhar alívio. “A dor nos acompanhará para sempre, mas a certeza de termos um cantinho para ele onde a qualquer momento que a saudade apertar possamos ir lá, nem que seja para fazer uma oração, nos conforta um pouco… Estamos em pedaços, nossa vida nunca mais será a mesma”, relata.
“Peço apenas respeito ao se referirem a ele, pois foi muito doloroso lidar com tudo isso e ainda ter que ler coisas como estas”, escreveu Kelly, em referência a publicações onde se referiam as ossadas como “esqueleto” e que publicaram imagens do material encontrado, sem censura.
Outras quatro vítimas já haviam sido identificadas, são eles o cirurgião-dentista Rômulo Augusto de Morais Pereira, 36, a comerciante Darliene Nunes Cunha, 25, o motorista Marcos Rodrigues Feitosa, 39, e a servidora pública aposentada Maria Viana Carneiro, 66. Além dos cinco mortos, a queda da ponte deixou 14 pessoas feridas.
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Até o momento, a empresa contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) trabalha na remoção dos escombros da Ponte Curuçá e já executou serviços emergenciais para manter a travessia, como a oferta de balsa para travessia na Curuçá, e criação de uma passagem seca na Ponte Autaz Mirim, no quilômetro 23, que caiu menos de dez dias após o primeiro acidente.