Plano de seguir explorando corrupção do PT esbarra em denúncias de lavagem de dinheiro contra Bolsonaro

A equipe da campanha vinha considerando seguir explorando o que considerou positivo no embate com Lula (Thiago Alencar/CENARIUM)

30 de agosto de 2022

20:08

Ainda analisando o desempenho do presidente Jair Bolsonaro no debate, na TV Bandeirantes, a equipe da campanha vinha considerando seguir explorando o que considerou positivo no embate com Lula. O impacto de frases e imagens do ex-presidente Lula tendo que explicar atos de corrupção em seu governo e, principalmente, as questões em que Bolsonaro se dirige a ele como “ex-presidiário”, que seriam as de maior impacto. No entanto, após divulgação de reportagem do UOL, segundo o qual Bolsonaro e seus familiares mais próximos compraram 51 imóveis em dinheiro vivo – usual entre criminosos para esconder origem ilícita de dinheiro, terá se ser reavaliada, afirmam fontes próximas ao Planalto.

Benefícios x situação fiscal

A campanha Lula-Alckmin está ajustando a divulgação das propostas do programa de governo. Aloízio Mercadante negou que um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos beneficiados pelo antigo Bolsa Família esteja certo no primeiro momento. “O que está certo é o auxílio de R$ 600”, disse ele. O adicional foi divulgado nas redes sociais pelo Lulaverso, a partir de informações que estavam em outro site da campanha. Pouco antes, Gleisi Hoffmann havia dito que a estratégia era divulgar as propostas no horário eleitoral da TV. O adicional de R$ 150, por criança, seria uma segunda etapa da reestruturação do Bolsa Família, ainda sem data definida, e dependerá da situação do País.

Efeito Tebet

É cedo para avaliar de quem e se Simone Tebet (MDB) arrancou votos no debate. O mais importante, segundo a coordenação de sua campanha, é que a candidata despertou a empatia do eleitorado, enquanto os dois principais candidatos tiveram desempenho criticável. O trabalho do estrategista de campanha de Tebet, Felipe Soutello, é agora converter essa empatia em intenção de voto. Nesse ponto, Tebet tem vantagem, sobretudo, entre os eleitores acima de 60 anos, que estão mais preocupados com a distensão causada pela disputa entre Bolsonaro e Lula. A agressividade de Bolsonaro com as mulheres ampliou o constrangimento de quem gostaria de votar nele.

AM em 1° em assassinatos de indígenas

O Amazonas é o Estado brasileiro com o maior número de assassinatos de indígenas em 2021, de acordo com o Relatório Violência contra os Povos Indígenas do Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A violência atingiu o pico no último ano, tirando do topo outros Estados que lideravam esses registros, como Mato Grosso do Sul e Roraima. Foram 38 mortes registradas no Amazonas, que evidenciam o agravamento dos conflitos fundiários e a desassistência aos povos indígenas durante os últimos anos na região.

Cobiça desenfreada

Segundo dados colhidos junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e às secretarias estaduais de saúde, no ano anterior (2020), o Amazonas havia ficado em segundo lugar, com 41 mortes de indígenas, atrás de Roraima que teve 66 registros. Roberto Liebgott, um dos coordenadores do Cimi e um dos responsáveis pelo relatório, explica que desde 2019 os números da violência têm crescido consideravelmente na região. A fragilização da fiscalização e a perspectiva da exploração indiscriminada, avalizada pela União, “tornam as terras e os povos vítimas desse processo de cobiça desenfreada”, diz Liebgott.