Prefeito de Manaus anuncia interdição da praia da Ponta Negra por 90 dias

Interdição da Ponta Negra se aplica apenas a banhistas (Alan Geissler/Revista Cenarium)

02 de outubro de 2023

14:10

Yana Lima – Da Agência Amazônia

MANAUS – O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) anunciou, na manhã desta segunda-feira, 2, a interdição, para banhistas, da praia da Ponta Negra, na Zona Oeste da cidade. A medida vale por 90 dias e é necessária para a segurança dos banhistas. O Rio Negro atingiu, na manhã desta segunda-feira, 2, o nível de 15,29 metros, a apenas 1,66 metro do menor nível da história, registrado em outubro de 2010.

A restrição é necessária para a segurança dos banhistas, devido ao aparecimento de buracos e depressões pelo movimento das águas. A interdição pode ser prorrogada ou suspensa antes deste período. A medida já havia sido adiantada pela prefeitura, na semana passada.

Rio Negro se aproxima do menor nível da história. (Alan Geissler/Revista Cenarium)

Ao falar dos riscos da praia para os banhistas, o prefeito de Manaus, David Almeida relatou a situação de uma criança da zona rural que ficou presa na areia. “Um aluno que nunca faltou aula, a ausência dele foi sentida na escola. A nossa busca ativa foi atrás e ele foi encontrado pela cintura, como se fosse uma areia movediça. É o mesmo que está acontecendo aqui [na Ponta Negra]. É um risco muito grande”, alertou.

O trecho de areia seguirá liberado para frequentadores, para atividades esportivas e de entretenimento, assim como o funcionamento de todo o calçadão e demais estruturas do complexo. A interdição total, no entanto, não é descartada, caso relatórios comprovem riscos na praia.

Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado em 2013 com o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) definiu o limite mínimo de 16 metros para uso e banho na praia. Antes da interdição, a Prefeitura de Manaus consultou o Corpo de Bombeiros e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

A última interdição da praia da Ponta Negra por questões climáticas ocorreu em 2015. Em 2020, houve a restrição por conta da pandemia do Covid-19.

Ajuda humanitária

David Almeida também informou sobre a assistência humanitária às comunidades impactadas, assim como a perfuração de poços.

Na sexta-feira [30], já doamos 60 motores e 20 botes. Nesta balsa [apontando a uma embarcação próxima], temos bombonas e garrafões de água, além de cestas básicas que serão entregues a 19 comunidades, beneficiando um total de 6.200 pessoas ao longo do rio Negro“, explicou.

O decreto de emergência emitido pelo Governo do Amazonas libera as escavações sem necessidade de licença ambiental, o que agiliza este processo.

Cenário crítico

Segundo a Defesa Civil, dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que a situação continuará crítica, pelo menos pelas próximas três semanas diante da previsão ínfima de chuvas. Isso aponta que o nível dos rios deve continuar baixando.

Segundo o secretário municipal de Segurança Pública e Defesa Social, Sergio Fontes, ainda nesta semana, a Prefeitura de Manaus pedirá auxílio do governo federal. “Estamos encaminhando um pedido de auxílio para água, cestas básicas, botijas de gás e perfuração de poços, para atender, principalmente, a população ribeirinha“, detalhou.

David Almeida disse ainda que recebeu uma ligação do Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e que o ministro está se programando para visitar o Amazonas nos próximos dias.