18 de janeiro de 2023
13:01
Mencius Melo – Da Agência Amazônia
MANAUS – Na semana em que a instituição de Ensino Superior mais antiga do Brasil, a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), completa 114 anos, um grupo de indígenas do povo Yanomami se reuniu com o reitor Sylvio Puga. Na pauta: a criação do Polo Universitário Indígena no Rio Marauiá, no município de Santa Isabel do Rio Negro (distante 631km de Manaus).
Também presente na reunião, o pró-reitor de Ensino de Graduação, professor David Lopes Neto, recebeu, juntamente com reitor Sylvio Puga, um documento fruto do debate de 11 comunidades do povo Yanomami do Alto Rio Negro para que a instituição se instale na região.
“Chegamos a um consenso de que necessitamos avançar nesse processo específico da educação e sabemos que só a Ufam poderia atender nossos anseios. Desejamos melhor qualificação dos nossos professores Yanomami e solicitamos que o reitor olhe a demanda de nosso povo, que tem em torno de 240 Yanomami que desejam se formar e trabalhar na educação”, declarou Otavio Yanomami, coordenador da Associação Yanomami Kurikama.
Diálogo
O reitor Sylvio Puga, em entrevista à REVISTA CENARIUM, declarou os permanentes esforços para estabelecer diálogos com as populações que compõem o mapa humano do Estado do Amazonas. “Nosso diálogo é permanente com as organizações e lideranças indígenas, buscando construir um modelo onde a universidade ensina, mas principalmente aprende, com o conhecimento tradicional”, detalhou Puga.
De acordo com o gestor da Ufam, a reivindicação das comunidades Yanomami diz respeito a um curso já aplicado pela instituição, em outras experiências: “Eles querem o curso de ‘Licenciatura Indígena: Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável’, que no ano passado formou uma turma em Santa Isabel do Rio Negro e três turmas em São Gabriel da Cachoeira, nos polos Tucano, Baniwa e Yanomami”, explicou.
Entre os indígenas presentes estavam Samuel, liderança do Curuá; Francisco, liderança do Tomoropiwei; Jeremias, liderança do Komixiwë; Carlos, liderança do Taracuá; Oséas, liderança do Pohoroá; e o professor de Licenciatura Indígena Modesto Amaruko.
O professor Amaruko declarou que “Foi muito boa a recepção de nossa demanda pela universidade. Estamos agradecidos e esperançosos de que, em breve, a licenciatura indígena seja oferecida em nossa região”.
Aniversário
O reitor da Ufam aproveitou para enaltecer a atuação da instituição em 114 anos de existência na Amazônia. “A Ufam, ao completar 114 anos, consolida-se cada vez mais como centro de excelência na formação de profissionais para atuar na Amazônia, no Brasil e no mundo, com mais de 1.000 doutores no corpo docente e a permanente qualificação do quadro técnico administrativos”, destacou o gestor.
Questionado sobre os próximos passos da Ufam em direção à formação de polos de educação no interior do Estado, voltados às populações tradicionais, como indígenas, ribeirinhos e quilombolas, Sylvio Puga respondeu: “Pretendemos ampliar nossa atuação na Educação Indígena e também com os demais processos seletivos já existentes, ampliar a inclusão social via educação Superior no interior do Estado”, finalizou.