Vereadores de Manaus votam pela convocação do prefeito David Almeida para explicar relatório de inteligência

Dezenove vereadores votaram pelas explicações do prefeito de Manaus e 14 votaram contra (Divulgação)

01 de novembro de 2022

05:11

Gabriel Abreu – Da AGÊNCIA AMAZÔNIA

MANAUS – Os vereadores de Manaus votaram pela convocação nesta segunda-feira, 31, do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), para explicar o relatório de inteligência, divulgado pela imprensa nacional, que aponta uma suposta aliança de David e do vice-prefeito Marcos Rotta com uma organização criminosa que atua no Amazonas.

O requerimento N° 19.844/2022, de autoria do vereador Rodrigo Guedes (Republicanos), foi alvo de críticas de parlamentares da base governista. Mesmo com resistência, 19 vereadores votaram pelas explicações e 14 contra.

No dia 22 de outubro, o site Metrópoles divulgou um relatório de inteligência elaborado pela Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas, obtido com exclusividade. O documento, de 63 páginas, sugere que a campanha do político, em 2020, tenha destinado cerca de R$ 70 mil aos integrantes da facção em troca de apoio. O documento é fruto de análise minuciosa feita em celulares de integrantes da organização criminosa carioca.

Vereadores

Autor da proposta, o vereador Rodrigo Guedes defendeu que o prefeito dê explicações, já que o documento vazou na imprensa nacional. O parlamentar se baseou na reportagem e requereu que a Prefeitura de Manaus preste informações e esclarecimentos pormenorizados sobre o relatório divulgado que aponta suposta aliança com a facção criminosa.

“Eu ouvi, com muita atenção, todos os vereadores, e falo de uma forma extremamente respeitosa, e concordo com vários pontos, tanto de pessoas que se manifestaram contra, quanto os que se manifestaram a favor. Eu quero, aqui, trazer, permitam-me, por favor, fazer isso, algumas falas do vereador Raiff Matos, Capitão Carpê, Gilmar Nascimento, esses relatórios não são apócrifos, eles, simplesmente, não são assinados porque é uma prática da área de inteligência”, afirmou.

O vereador concluiu dizendo: “Então, depois que o presidente da Comissão de Segurança da Câmara, que é policial e já atuou na área, tem essas informações de como funciona a segurança pública, a gente fica tranquilo em saber que ali não foi um dossiê, foi um documento oficial que vazou”, apontou Guedes.

Um dos parlamentares que se manifestou contra a aprovação do requerimento foi o vereador Rosinaldo Bual (PMN). Ele defendeu que a Casa Legislativa não precisaria perder tempo com essa convocação. “Eu vejo isso com muita tristeza. Isso é lamentável, a nossa política, me perdoe a expressão, está muita suja, muito nojenta. A população confiou, em todos nós, o voto para estar aqui para trabalhar pela cidade, para o Estado, e não perder tempo com esse tipo de situação, pelo menos é dessa forma que eu enxergo”, afirmou o vereador.

“No entendimento dos vereadores, a Casa Legislativa municipal é o foro adequado para a prestação desses esclarecimentos. Isso não significa nenhum tipo de juízo de valor. A Câmara tem adotado a postura da prudência, da cautela. Como uma Casa de representação, não podemos cogitar ter uma postura nem acusatória, nem absolutória, mas como vereadores, não podemos deixar de cumprir o nosso papel institucional. Precisamos atuar na fiscalização do Poder Executivo, quanto no papel de prestar esclarecimentos para a sociedade”, defendeu o vereador Peixoto (Pros).

Votação

Votaram pela aprovação da matéria os vereadores: Rodrigo Guedes (Republicanos), Amon Mandel (Cidadania), Bessa (Solidariedade), Caio André (PSC); Capitão Carpê (Republicanos); Diego Afonso (União); Everton Assis (União); Gilmar Nascimento (União); Ivo Neto (Patriota); João Carlos (Republicanos); Lissandro Breval (Avante); Márcio Tavares (Republicanos); Peixoto (PROS); Raiff Matos (DC); Rosivaldo Cordovil (PSDB); Sassá da Construção (PT); Thaysa Lippy (PP); William Alemão (Cidadania) e Yomara Lins (PRTB).

Já os que votaram contra o pedido de explicações foram: Allan Campelo (PSC); Dr. Daniel (PSC);
Dr. Eduardo Assis (Avante); Eduardo Alfaia (PMN); Jander Lobato (PSB); Joelson Silva (Patriota);
Kennedy Marques (PMN); Marcel Alexandre (Avante); Marcelo Serafim (Avante); Mitoso (PTB);
Professor Samuel (PL); Rosinaldo Bual (PMN); Wallace Oliveira (PROS) e Wanderley Monteiro (Avante).

Ilegal

Em pronunciamento na semana passada, o prefeito David Almeida e o vice-prefeito, Marcos Rotta (Progressistas), disseram que as acusações divulgadas em dossiê são ilegais e que foram vítimas de criminosos. Durante sua fala, David Almeida disse que irá tomar as medidas cabíveis contra os autores do dossiê, quem vazou do Ministério Público o documento, e quem publicou o que chamou de fake news.

“A poucos dias das eleições do 2° turno, Marcos Rotta e eu estamos sendo vítimas de uma conversa de criminosos, um dossiê feito por criminosos e, de forma criminosa, vazado. Comete crime quem fez o dossiê, quem divulgou, quem compartilhou a informação do dossiê, quem publicou a informação, quem comentou e ofendeu o prefeito e o vice-prefeito. Nós temos mais de 700 pessoas que serão processadas. Chega de gracinha. Vamos processar a todos. Quebra de sigilo funcional é crime”, afirmou o prefeito.

Veja a íntegra do requerimento: