18° Congresso: Abraji amplia regionalização do debate sobre jornalismo investigativo

A presidenta da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Kátia Brembatti (Divulgação/Abraji)

29 de junho de 2023

19:06

Adrisa De Góes – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – Em quase duas décadas de realização, a coordenação do Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) buscou, a cada ano, promover a descentralização das discussões jornalísticas, entre os profissionais da área, canalizadas na maior parte dos debates nos grandes centros comunicacionais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A participação da REVISTA CENARIUM, geradora de conteúdo da Amazônia brasileira, teve grande influência neste processo.

Na 18ª edição do encontro, os jornalistas do veículo de comunicação, que possui sede no Amazonas e correspondentes em Roraima, Rondônia, Pará e sucursal em Brasília, participam de três mesas de discussão pelo segundo ano consecutivo. O evento iniciou nesta quinta-feira, 29, e vai até domingo, 2, no formato on-line e presencial, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo (SP).

Para a presidenta da Abraji, Kátia Brembatti, as mudanças no formato do Congresso, assim como no fazer jornalístico investigativo no País, acompanham um olhar mais plural, que atenta para as várias realidades da sociedade brasileira e suas particularidades regionais. Para ela, esse é o legado que a associação está construindo na contribuição do jornalismo nacional.

“Havia, no começo do congresso, uma centralização muito grande nessas grandes reportagens de impacto nacional que mudavam a trajetória política do País. Com o passar do tempo, o congresso passou a ter outros olhares, no que se refere à cobertura local, olhar para questões que são mais relevantes regionalmente e, também, considerar as grandes reportagens de impacto nacional feitas por veículos locais“, afirmou à CENARIUM.

Leia também: Abraji realiza 18º Congresso de Jornalismo; CENARIUM integra mesa de debates

Há um ano no comando da Abraji e com participação desde 2008 na entidade, Brembatti ressalta, também, o impacto positivo do jornalismo em cidades pequenas, capitais e polos regionais. A presidenta defende a importância de treinamentos voltados a profissionais da imprensa que possuem foco no jornalismo independente e, principalmente, na sustentabilidade.

“Para a Abraji, é uma satisfação muito grande contar com a parceria da REVISTA CENARIUM, que traz uma perspectiva amazônica juntamente com outros veículos da região. É uma oportunidade de mostrar para repórteres do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste a perspectiva de quem vive a Amazônia no dia a dia com todas as diferentes realidades por localidade”, celebra.

Jornalismo da Amazônia na prática

Jornalistas de várias partes do País participam do evento, que conta com oficinas, palestras e cursos coordenados por profissionais nacionais e internacionais. Neste ano, a proposta do congresso é debater os impactos da inteligência artificial na forma de se fazer comunicação, mostrar os bastidores de reportagens investigativas, com a presença dos autores, debater sobre as complexidades políticas no Brasil e exterior, além de tratar temas como meio ambiente, violência, corrupção e outros.

Stand da Revista Cenarium no 18° Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

O fotojornalista Ricardo Oliveira vai participar da palestra “Bastidores de reportagens sobre uma Amazônia em ebulição“, no dia 1° de julho, das 11h30 às 13h. Ele e o repórter Thalys Alcântara, do Metrópoles, irão falar sobre as investigações do recrutamento de meninos indígenas para um grupo islâmico e a exploração de trabalhadores em carvoarias na Amazônia, com mediação da diretora da Abraji, Thays Lavor.

É de extrema relevância levantarmos o debate sobre o que ocorre na Amazônia fora dos temas centrais que sempre são debatidos, como o desmatamento e a grilagem, e voltar os olhos para as consequências disso, quem são as pessoas afetadas diretamente e como cobrir esses assuntos“, ressalta o fotojornalista Ricardo Oliveira.

Integrantes da mesa ‘Bastidores de reportagens sobre uma Amazônia em ebulição’ (Reprodução/Abraji)

Também no dia 1°, a correspondente da CENARIUM no Pará, Daleth Oliveira, participa da palestra “Jornalismo investigativo local a serviço das cidades“, ao lado da fundadora do Marco Zero Conteúdo e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Carolina Monteiro; do jornalista e criador do site Vocativo.com, Fred Santana; e do repórter do Matinal do Rio Grande do Sul Pedro Nakamura, com mediação do professor e jornalista Antonio Rocha Filho.

Será uma honra compartilhar o cotidiano da cobertura das ruas de Belém com jornalistas e estudantes do Brasil. Essa oportunidade é incrível para minha carreira e para a equipe da CENARIUM, que leva conhecimento e vivência da Amazônia ao maior encontro de jornalistas do País. Abordarei os desafios de cobrir a pré-COP na capital paraense, que sediará a COP30 em 2025. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito“, pontuou Daleth.

Integrantes da mesa ‘Jornalismo investigativo local a serviço das cidades’ (Reprodução/Abraji)

A CEO da CENARIUM, Paula Litaiff, vai compor a terceira mesa, ainda no dia 1°, representando o veículo de notícias na palestra “O 8 de janeiro pegou a imprensa de surpresa?”, com a repórter da Revista Piauí, Ana Clara Costa; o presidente da ONG Repórter Brasil e colunista do UOL, Leonardo Sakamoto; e a diretora-executiva do site de notícias Metrópoles, Lilian Tahan.

Integrantes da mesa ‘O 8 de janeiro pegou a imprensa de surpresa?’ (Reprodução/Abraji)
Rede Cenarium Amazônia

A REVISTA CENARIUM integra a REDE CENARIUM AMAZÔNIA, que produz conteúdo da Amazônia brasileira, com sede em Manaus e correspondentes em Roraima, Rondônia, Pará e sucursal em Brasília. O grupo atua em pautas sobre assuntos sociais e comportamentais relacionados à diversidade, igualdade de gênero e às relações étnico-raciais, principalmente, na região amazônica.

Paula Litaiff destaca a importância da participação de jornalistas do Norte e Nordeste na 18ª edição do congresso. “Acredito que iniciativas como essa, promovidas pela Abraji, desempenharão um papel fundamental na construção de uma sociedade mais democrática e na formação de uma opinião pública consciente da realidade vivenciada em cada canto do País”, defende.