ABL comemora 125 anos com série de eventos reunindo acadêmicos e grandes nomes da teledramaturgia

Acadêmicos da ABL em foto oficial. (Reprodução/ABL)

20 de julho de 2022

13:07

Eliziane Paiva – Da Agência Amazônia

MANAUS – A Academia Brasileira de Letras (ABL) completa seus 125 anos nesta quarta-feira, 20, e traz uma série de atividades com o objetivo de preservar a literatura e personagens importantes para a cultura nacional.

A programação para celebrar seu aniversário, a partir das 20h, no Rio de Janeiro, será no Cristo Redentor, o qual vai ser iluminado de verde-escuro, cor oficial da instituição, em homenagem à data. À noite, será realizada uma Sessão Solene no Salão Nobre da ABL, com início no mesmo horário.

Na ocasião, o Prêmio Machado de Assis será entregue ao antropólogo Roberto da Matta, pelo conjunto da obra. Serão distribuídas, ainda, as medalhas Machado de Assis e João Ribeiro. O Acadêmico José Sarney será o orador oficial. A apresentação musical ficará a cargo do consagrado Quinteto de Cordas da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Academia Brasileira de Letras (ABL). (Reprodução/Internet)

Semana de comemorações

As comemorações tiveram início no dia 12 de julho com o monólogo “Nelson Rodrigues por ele mesmo”, encenado pela acadêmica, atriz e uma das grandes representantes da cena cultural brasileira, Fernanda Montenegro.

Peças, apresentações musicais e rodas de conversa estão no cronograma. Na segunda-feira, 18, um vídeo curto narrado pela atriz e acadêmica Fernanda Montenegro, na emissora de TV do grupo Globo em homenagem à ABL, apresentou cenas de novelas marcantes como “Gabriela, cravo e canela”, “Tieta” e “O Bem Amado”, entre outras. A voz da atriz fez a ponte entre o mundo dos livros e a telinha: “Eu sou a página, o palco e a tela. Eu sou patrimônio, sou memória, sou emoção, sou o Brasil, todos os ‘brasis’.”

Os acadêmicos também assistiram aos atores Tony Ramos e Lilia Cabral fazendo leituras de textos de imortais da ABL. O ator foi ovacionado ao ler um trecho de “Grande Sertão: Veredas”, obra de Guimarães Rosa, adaptada pela Globo em 1985. Ele havia encarnado o personagem Riobaldo na produção.

A atriz e acadêmica Fernanda Montenegro, com o ator Tony Ramos ao fundo, acompanhou a homenagem à ABL. (Brenno Carvalho/Reprodução)

Tony contou que a responsabilidade de ler Guimarães Rosa foi redobrada com a presença de membros da ABL. “A importância desse evento fala por si só”, disse. “Nesses 125 anos, a entidade trabalhou na preservação da criatividade, da liberdade e da gente brasileira. Tenho muito orgulho de que grandes obras brasileiras tenham viajado o mundo com adaptações das quais participei”, finaliza o ator.

Uma mesa redonda foi realizada sobre a importância das Academias e o papel que elas desenvolvem atualmente, na terça-feira, 19, no Petit Trianon, na França. A sessão híbrida, transmitida pelo canal de YouTube da ABL, para o debate, com o presidente da Academia das Ciências de Lisboa, o professor José Luís Cardoso, a Embaixadora da França no Brasil, Brigitte Collet, e o escritor nicaraguense Sérgio Ramirez, exilado em Madri.

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O escritor, que fez um relato sobre a tentativa do ditador Daniel Ortega de fechar a Academia Nicaraguense de Letras. “O fechamento como um atentado contra a cultura e a liberdade de expressão e não é possível viver sem a liberdade das palavras, tampouco sem a criação literária”, classificou Sérgio.

História da ABL

A ABL já teve 48 presidentes. O primeiro deles foi Machado de Assis, entre 1897 e 1908 – ano de sua morte e o atual, Merval Pereira, que tomou posse em 2022. Apenas quatro presidentes, Afonso Celso (1860-1938), Fernando Magalhães (1878-1944), Gustavo Barroso (1888-1959) e Marcos Vilaça, ocuparam o posto em mais de uma ocasião.

Até hoje, a academia só elegeu nove mulheres, incluindo a pioneira Rachel de Queiroz: Dinah Silveira de Queiroz (1980), Lygia Fagundes Telles (1985), Nélida Piñon (1989), Zélia Gattai (2001), Ana Maria Machado (2003), Cleonice Berardinelli (2009), Rosiska Darcy de Oliveira (2013) e Fernanda Montenegro (2022). Considerando o número de acadêmicos que já passaram por lá, a presença feminina corresponde a apenas 3,5% do total.

Fernanda Montenegro foi eleita em 2022; presença feminina na ABL corresponde a apenas 3,5% do total. (Dani Paiva/Divulgação)

Embora seja necessário ter um livro publicado para se candidatar a uma cadeira na academia, a ABL não é composta somente por escritores profissionais. Os imortais da ABL são figuras que estão inseridas e são relevantes para a cultura nacional.

A atriz Fernanda Montenegro, ocupante da cadeira 17, e o músico Gilberto Gil, cadeira 20, são alguns dos mais novos membros. Eles foram eleitos, respectivamente, para as cadeiras que eram do diplomata Affonso Arinos de Mello Franco e do jornalista Murilo Melo Filho.

Acadêmicos da ABL em foto oficial. (Reprodução/ABL)

A ABL é constituída por 40 membros efetivos e perpétuos. Quando um acadêmico morre, sua cadeira é declarada vaga, e os escritores que quiserem ocupá-la terão dois meses para se candidatar. Primeiro, devem enviar uma carta ao presidente, oficializando sua candidatura. E, depois, iniciar sua campanha buscando, voto a voto, a vitória. Os imortais são eleitos mediante votação secreta. Terminada a disputa, as cédulas são incineradas.