Adolescentes desconhecem como identificar informações falsas na internet, diz pesquisa

Pesquisa revela como adolescentes brasileiros usam a internet (Reprodução/Freepik)

03 de maio de 2023

21:05

Adrisa de Góes – Da Agência Amazônia

MANAUS – Apesar da maioria dos adolescentes brasileiros terem acesso à internet, um total de 37% deles, na faixa de 15 a 17 anos, afirmam que não sabem ou pouco sabem checar na rede se uma informação é falsa ou verdadeira. O dado faz parte da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2022, divulgada nessa quarta-feira, 3, pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

O levantamento mostra ainda que 25% dos entrevistados não dominam ou possuem raso conhecimento na verificação de sites confiáveis. A sondagem também revela, entre os participantes do estudo, que 13% não sabem quais informações devem ou não compartilhar na internet. Os indicadores foram divididos por idade, em grupos de 100 adolescentes de todo o Brasil e a pesquisa foi realizada entre junho e outubro do ano passado.

Realizada pelo CGI.br e conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o estudo visa apontar oportunidades e riscos relacionados à participação on-line da população brasileira.

Dos adolescentes entre 15 a 17 anos, que participaram da pesquisa, 37% não sabem ou pouco sabem checar informação na internet (Reprodução/iStock)

“Nesta edição, houve maior detalhamento na coleta de indicadores sobre as habilidades digitais, que são fundamentais para compreender a participação no ambiente on-line. De modo geral, a pesquisa indica uma maior prevalência de habilidades operacionais em comparação às habilidades informacionais, que são aquelas que possibilitam maior resiliência dos usuários frente ao fenômeno da desinformação“, analisa o gerente do NIC.br, Alexandre Barbosa.

Responsabilidade dos pais

Para o jornalista atuante em Manaus, Fred Santana, os pais ou responsáveis por adolescentes até 17 anos precisam estar vigilantes às ações dos menores de idade, na internet, num acompanhamento que inclui a educação para o uso da rede, nas mais diferentes plataformas, visto que a experiência nas mais diversas áreas da vida, do referido público, é limitada.

“O conhecimento educacional [de adolescentes] ainda é muito restrito. Então, o papel dos pais é fundamental nesse processo. Eles precisam participar tanto da educação do cotidiano, quanto da educação para consumo de notícias. Também é parte dessa educação ensinar e direcionar os filhos a como fazer esse tipo de checagem. O problema é que nem sempre os pais conseguem, mas também não dá para deixar [a checagem] só nas mãos deles”, disse o comunicador.

Santana acredita ainda que a falta de conhecimento na busca da veracidade da informação, no caso de adolescentes, pode levar os mesmos a se tornarem consumidores de notícias falsas. Para ele, a educação no ambiente virtual é um trabalho da família, escola e comunidade.

“A participação dos pais, da escola, de educadores e de formadores de opinião, que trabalham nessa área, é fundamental. Não dá para deixar isso nas mãos dos jovens, isoladamente”, completou.

Acesso à internet e formação social

A psicanalista Samiza Soares, que atua na capital amazonense, afirma que a internet pode influenciar, positivamente, na formação do público infantojuvenil de diversas maneiras, por ser fonte vasta de informação nos mais variados campos, entre eles, a conexão social e as oportunidades educacionais.

“A internet permite que os jovens se conectem com outras pessoas, em todo o mundo, permitindo que eles se sintam mais conectados e pertencentes a um grupo maior. Também pode oferecer oportunidades educacionais que antes não estavam disponíveis, como cursos on-line gratuitos, aulas e tutoriais”, ressalta.

Entretanto, Soares alerta sobre os impactos negativos que a rede pode proporcionar, sobretudo, em adolescentes, como exposição a conteúdo inapropriado, cyberbullying e dependência psicológica. Por isso, a psicanalista destaca que é importante que pais e responsáveis monitorem o uso da internet por parte de menores de idade, a fim de assegurar o consumo de conteúdo seguro e saudável no ambiente virtual.

“A internet pode oferecer conteúdo inadequado para os jovens, como violência, pornografia e linguagem explícita. O cyberbullying é um dos maiores riscos da internet para os jovens, pois pode ser muito difícil de detectar e pode causar danos emocionais permanentes. O uso excessivo da internet pode levar à dependência tecnológica, o que pode afetar, negativamente, a saúde mental e física dos jovens”, finaliza.