Amazônia Legal tem mais de 7,9 mil km² desmatados nos oito primeiros meses de 2022

Em julho e agosto de 2022, Pará, Amazonas e Acre foram os Estados com mais áreas desmatadas na Amazônia Legal (Araquem Alcântara/Imazon)

16 de setembro de 2022

20:09

Karol Rocha – Da Agência Amazônia

MANAUS – A Amazônia Legal teve mais de 7,9 km² desmatados em apenas oito meses deste ano, sendo o maior dos últimos 15 anos, conforme os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgados nesta sexta-feira, 16.

Neste ano, o mês que mais se detectou áreas queimadas foi julho, quando se registrou 1.739 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Agosto também apresentou um dado preocupante, já que foram derrubados 1.415 km² de floresta, segundo o levantamento do instituto de pesquisa.

Neste mesmo mês, a degradação florestal cresceu 54 vezes, na região, em relação a agosto do ano passado. A área degradada passou de 18 km², em agosto de 2021, para 976 km² em agosto de 2022, uma alta de 5.322% devido à extração de madeira e pelas queimadas.

“Já passamos da metade do ano e o que vem acontecendo são recorrentes recordes negativos de devastação da Amazônia, com o aumento no desmatamento e na degradação florestal. E, infelizmente, temos visto ações insuficientes para combater esse problema”, lamentou a pesquisadora do Imazon, Bianca Santos.

De acordo com ela, o desmatamento ocorre quando a vegetação foi totalmente removida, o chamado “corte raso”. Já a degradação florestal se refere à parte da mata a qual foi retirada por causa da extração de madeira ou afetada pelo fogo. Por isso, é comum que uma área classificada como degradada seja posteriormente desmatada.

“Em muitos casos de áreas que sofrem degradação florestal por exploração madeireira, após a retirada total das espécies de valor comercial, é feita a remoção completa das árvores para destinar aquela área a outros tipos de uso, como, por exemplo, a agropecuária ou até para especulação imobiliária, no caso da grilagem”, explicou a especialista.

Área de floresta derrubada na Amazônia de janeiro a agosto (Reprodução/Imazon)

Pará mais atingido pela queimada

Em julho e agosto de 2022, Pará, Amazonas e Acre foram os Estados com mais áreas desmatadas na Amazônia Legal, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).

“Nesses três Estados, assim como nos outros que compõem a região, estamos identificando o avanço do desmatamento nas florestas públicas não destinadas. São áreas pertencentes aos governos dos Estados ou federal que ainda não tiveram um uso definido, cuja prioridade estabelecida em lei é para a criação de novas áreas protegidas, como terras indígenas ou quilombolas e unidades de conservação”, afirmou a pesquisadora.

Quanto à degradação, Mato Grosso, Pará e Acre tiveram os maiores registros tanto em julho, quanto no mês de agosto. Para se ter noção, as florestas degradadas, na Amazônia Legal, somaram 976 quilômetros quadrados, em agosto de 2022, o que representa um aumento de 5.322% em relação a agosto de 2021, quando a degradação detectada foi de 18 quilômetros quadrados.

Proporção de desmatamento e degradação por Estado (Reprodução/Imazon)

Em julho de 2022, o SAD detectou 1.739 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, uma redução de 17% em relação a julho de 2021, quando o desmatamento somou 2.095 quilômetros quadrados. As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 371 quilômetros quadrados em julho de 2022, o que representa um aumento de 1.059% em relação a julho de 2021, quando a degradação detectada foi de 32 quilômetros quadrados.

Proporção de desmatamento e degradação por Estado (Reprodução/Imazon)

Sistema de Alerta

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) é uma ferramenta de monitoramento da Amazônia Legal, baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon em 2008 para reportar, mensalmente, o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região. O SAD utiliza, atualmente, os satélites Landsat 7 e 8, da Nasa, e Sentinel 1A, 1B, 2A e 2B, da Agência Espacial Europeia (ESA). Ambos são de domínio público, ou seja: seus dados podem ser usados por qualquer pessoa ou instituição.

Veja o alerta de agosto: