Apesar da situação de emergência, especialistas acreditam na estabilização da cheia do rio Acre
17 de fevereiro de 2021
16:02
Marcela Leiros
MANAUS – A Prefeitura de Rio Branco, no Acre, decretou situação de emergência nessa terça-feira, 16, em decorrência da cheia do rio que leva o nome do Estado e que inundou partes da cidade. Para a CENARIUM, especialistas indicaram que o volume do rio não deve ter novas subidas e parece ter estabilizado em Rio Branco, onde já atingiu pelo menos 2.900 residências na capital.
Cerca de 200 pessoas tiveram que ser transferidas para abrigos provisórios em Rio Branco. O transbordamento do rio – o segundo registrado este mês – já atingiu residências em 24 bairros da capital, agravando a crise sanitária decorrente da pandemia do novo coronavírus e o surto de dengue que a cidade já vinha enfrentando.
Conforme o Boletim de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Acre, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do Rio Acre atingiu, às 18h dessa terça-feira, 1,74 metros acima da cota de transbordamento do curso d’água, que é de 14 metros – o alerta de risco de transbordamento é disparado quando a água chega a 13,50 metros.
De acordo com o pesquisador em geociências pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marcus Suassuna Santos, modelos hidrológicos indicam que o rio na região da capital acreana pode ter estabilizado na cota de 15,74, mas que a cheia ainda está em desenvolvimento e avaliações mais detalhadas deverão ser feitas após a conclusão do evento.
“Nós rodamos modelos hidrológicos e eles não indicam que o rio deve ter novas subidas, já que não existe previsão de chuvas fortes pelo menos nos próximos dias, segundo os modelos meteorológicos que consultamos”, afirmou o pesquisador.
Histórico de cheia
Apesar de estar causando transtornos e deixando famílias desabrigadas, esta ainda não pode ser considerada a maior cheia do Rio Acre. Em 2015, o nível do rio alcançou o recorde de 18,4 metros e deixou um rastro de destruição e mortes.
Segundo Marcus Suassuna, mesmo com o nível de 15,74 metros neste ano, este número já foi observado em outras ocasiões. “É uma cheia que, ao menos na bacia do rio Acre, já ocorreu em outras ocasiões. O rio já esteve mais alto do que isso em outros 13 anos no histórico, que vai desde 1967 até hoje. Ou seja, este ano de 2021 seria o 14º”, indicou o pesquisador.
Emergência estadual
O governador do Acre, Gladson Cameli, também declarou situação de emergência em áreas afetadas por inundações e enxurradas em mais nove cidades acreanas: Cruzeiro do Sul, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Porto Walter, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira e Tarauacá.
Marcus Suassuna ainda fez uma observação referente às previsões hidrológicas nos municípios acreanos que estão em situação de emergência. “Mas isso [os indicadores do CPRM] é válido só para o trecho de Rio Branco, para qualquer outro local teríamos que avaliar em separado. Em Sena Madureira, por exemplo, a gente vê que o rio ainda está subindo, mas não fazemos previsões ali”, afirmou.