Após pressão de líderes mundiais, Itamaraty emite nota com posição do governo brasileiro sobre crise na Ucrânia

Bombeiros atuam em prédio atingido por bombardeio na cidade de Chuhuiv (Reprodução/Internet)

24 de fevereiro de 2022

12:02

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS — Após a Rússia iniciar um ataque militar na Ucrânia, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou nesta quinta-feira, 24, que o Brasil acompanha com “grave preocupação” a deflagração de operações militares pelos russos contra o território ucraniano. A nota foi emitida depois de muita pressão de líderes mundiais para que o governo de Jair Bolsonaro se posicionasse sobre o tema. Bolsonaro ainda não se posicionou sobre o assunto em nenhuma rede social.

No comunicado enviado à imprensa, o Itamaraty afirma que “o Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, afirma o ministério em um dos trechos da nota.

Por fim, o governo brasileiro reiterou ser membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas e que o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias.

Lado Oposto

O posicionamento do governo federal vem depois do posicionamento da porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmar que o “Brasil parece estar do lado oposto à comunidade global” no que se refere à crise na Ucrânia. A declaração foi feita depois que ela foi questionada sobre qual seria a opinião do presidente Joe Biden sobre a declaração de solidariedade à Rússia feita pelo presidente Jair Bolsonaro durante encontro com o presidente Vladimir Putin em Moscou.

“Não discuti os comentários dele [Bolsonaro] com o presidente, mas o que diria é que a grande maioria da comunidade global está unida na visão compartilhada de que invadir outro país, tentar tomar parte de suas terras e aterrorizar seu povo certamente não se alinha aos valores globais, então acho que o Brasil parece estar do lado oposto ao da comunidade global”, disse Psaki.

Ataque militar

Segundo informações do Jornal O Globo, forças russas atacaram alvos em toda a Ucrânia, após o presidente Vladimir Putin prometer “desmilitarizar” o país e substituir seus líderes na manhã de quinta-feira, 24, desencadeando uma “invasão em grande escala” contra o país e a pior crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto o Ocidente ameaça punir com mais sanções em resposta.

A Rússia lançou uma enxurrada de mísseis, artilharia e ataques aéreos na quinta-feira, 24.  Explosões foram ouvidas em Kiev, a capital; em Kharkiv, a segunda maior cidade; e em Kramatorsk, na região de Donetsk, um dos dois territórios do Leste da Ucrânia reivindicados por separatistas apoiados pela Rússia desde 2014. Fumaça preta pôde ser vista no Ministério da Defesa da Ucrânia, no centro de Kiev.

A guarda de fronteira da Ucrânia disse que estava sendo bombardeado de cinco regiões, incluindo da Crimeia, no Sul, e da Bielorrússia, ao norte, enquanto colunas de tanques russos se moviam para o país. O Ministério do Interior da Ucrânia disse que a capital, Kiev, está sob ataque e instou os cidadãos a irem para abrigos.

As tensões sobre a Ucrânia aumentaram nos últimos meses, por conta das acusações por parte dos países ocidentais de que Moscou preparava uma invasão.

Ucrânia e Rússia estão em desacordo desde que o governo russo anexou a península da Crimeia em 2014. A situação se agravou com o conflito no leste da Ucrânia, que deixou mais de 13 mil mortos e onde a Rússia é acusada de apoiar os separatistas. O Kremlin nega.