Aruanas: série mostra história de mulheres no combate a crimes ambientais

Balsas de garimpo no Rio Madeira, em dezembro de 2021. (Ricardo Oliveira/Agência Amazônia)

25 de junho de 2023

15:06

Marcela Leiros – Da Agência Amazônia

MANAUS – A série Aruanas, que retrata a luta de quatro mulheres à frente de uma Organização Não Governamental (ONG) em prol da preservação ambiental, tem se tornado destaque por abordar temáticas como a poluição no solo, rios e poluição urbana. A produção estreou a segunda temporada em maio, na TV Globo.

A série brasileira de ficção foi lançada em mais de 150 países. A primeira temporada foi ao ar em julho de 2019, no Globoplay, plataforma de streaming do Grupo Globo, e exibida na TV aberta entre abril e junho de 2020. A segunda temporada estreou na plataforma em novembro de 2021 e vem sendo exibida na Rede Globo nas noites de terça-feira, desde maio de 2023.

Da esquerda para direita: Clara (Thainá Duarte), Verônica (Taís Araújo), Natalie (Débora Falabella) e Luiza (Leandra Leal). (Reprodução/TV Globo)

Na primeira temporada, as fundadoras da ONG Aruanas, a jornalista Natalie (Débora Falabella), a advogada Verônica (Taís Araújo) e a ambientalista Luíza (Leandra Leal) viajam para a cidade fictícia de Cari, no interior do Amazonas, ao receberem uma denúncia sobre atentados aos povos indígenas e conflitos pela posse de terras preservadas. Elas descobrem um grande esquema de crimes ambientais ligados a uma mineradora.

Veja um trecho da primeira temporada:

A personagem Natalie fala sobre contaminação de mercúrio pelo garimpo ilegal. (Reprodução/Globoplay)

Na segunda temporada, que está sendo exibida na TV aberta, Natalie recebe a proposta para conhecer a cidade de Arapós, no interior de São Paulo, a convite do prefeito da cidade, onde presencia um protesto suicida. A partir disso, as Aruanas começam a traçar um paralelo entre a “perfeição” da cidade-modelo e uma PEC que os políticos tentam aprovar em Brasília.

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Drama Yanomami

A história da contaminação dos rios pelo mercúrio remete ao drama vivido por muitas comunidades indígenas do País, com ênfase aos Yanomami, no maior território demarcado no País, que abrange os Estados do Amazonas e Roraima. Lá, a presença de mais de 20 mil garimpeiros ilegais levou a uma tragédia humanitária, com a contaminação dos rios e escassez de alimentos.

Os Yanomami são uma das 305 etnias indígenas que residem no Brasil, de acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O território abrange mais de nove milhões de hectares da Bacia do Rio Negro – ou cerca de 96,6 mil quilômetros quadrados. 

Criança Yanomami internada em hospital de Roraima (Edmar Barros/AP)

A fome e a desnutrição são consequências do garimpo ilegal, já que a contaminação dos rios mata os peixes e torna a água imprópria para o consumo. Na saúde, as consequências são tremores, insônia, perda de memória, dores de cabeça, fraqueza muscular, e até a morte.

Um laudo da Polícia Federal apontou que indígenas de 14 regiões do território Yanomami apresentaram altos níveis de contaminação por mercúrio. O estudo coletou amostras de cabelo de 43 indígenas e identificou que 76,7% das pessoas estudadas vivem sob alta exposição do metal pesado tóxico.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis de mercúrio em cabelo não devem ultrapassar um micrograma por grama. No entanto, no caso dos Yanomami analisados, estão entre 2 a 10 micrograma.

Com a tragédia Yanomami, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou as ações de proteção do território e atendimento aos indígenas. Nesta semana, a Polícia Federal informou que há mais de 30 dias não identificava alertas de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.