Ativistas acreditam em um novo tempo para os Direitos Humanos no Brasil

Silvio Almeida fez um discurso de posse que agradou ativistas e militantes dos movimentos sociais e por direitos humanos no Brasil (Reprodução/Metrópoles)

03 de janeiro de 2023

21:01

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – A posse do advogado, filosofo e ativista negro, Silvio Almeida, realizada nesta terça-feira, 3, para o Ministério de Direitos Humanos no Brasil é avaliada como positiva por ativistas de movimentos sociais do Amazonas. Após a gestão considerada confusa da ex-ministra Damares Alves, a nomeação de Almeida gerou uma onda boas expectativas entre aqueles que atuam para garantir acesso às politicas públicas no país.

Keilah Fonseca acredita que ao contrário de Damares Alves, Silvio fará uma grande gestão. “Ele é negro, ele sente na pele…” comentou (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Para Keilah Fonseca, presidente da Associação Crioulas do Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito, localizado na Praça 14 de Janeiro em Manaus, com a nomeação de Silvio Almeida, pode haver guinada nas relações e correlações do Direitos Humanos no Brasil. “Ele é negro como nós, ele sente na pele. Acredito que ele vai ter políticas afirmativas para as famílias. Oro para que seja um governo de esperança. Que tenha projetos que beneficiem as famílias carentes. Os indígenas, os negros e ribeirinhos que são os mais esquecidos. Espero que não esqueçam dos quilombos”, declarou.

Na leitura de Keilah a gestão de Damares Alves foi um fracasso. “Um mulher que induziu crianças a escolher cores de roupa. Não fez nenhuma lei. Não deu exemplo de nada. Que se intrometeu negativamente em assuntos de interesse público como educação de gênero, sexualidade e outros assuntos delicados. Foram quatro anos jogados no lixo”, criticou.

Resgaste

Para o professor e mestre em serviço social e sustentabilidade e doutor em educação e Sustentabilidade na Amazônia, Jeffeson William, a nomeação de Silvio Almeida é um resgate necessário. “A ascensão do intelectual Silvio Almeida ao cargo de Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania significa o resgate desse importante Ministério da inércia que foi subjugado no governo Bolsonaro”, pontuou.

Especialista em assuntos de diversidade e inclusão social, Jeffeson William diz que o primeiro passo é garantir orçamento para o ministério (Reprodução/Arquivo Pessoal)

O pesquisador com experiência na área de diversidade sexual, saúde, assistência social e gestão de políticas sociais não poupou críticas à ex-ministra “Damares Alves além de não materializar em políticas públicas as pautas reivindicatórias dos segmentos mais alijados da sociedade brasileira, também  inviabilizou pautas históricas como o enfrentamento ao racismo e a LGBTfobia, mesmo a violência contra as mulheres não recebeu a atenção necessária”, lamentou Jeffeson.  

Jeffeson destacou as qualidades do novo ministro. “Silvio Almeida é hoje um dos maiores intelectuais brasileiros reconhecido pela força de suas ideias e ações, inclusive no exterior, o sentimento de tê-lo no comando do Ministérios de Direitos Humanos é de não apenas enfrentar as desigualdades e violências estruturantes do Brasil, mas sobretudo, uma postura propositiva para minimizar e quiçá superar esse conjunto de iniquidades acalentadas e incentivadas pelo governo anterior, seja por inércia, omissão ou motivação”, declarou.

Desafios

De acordo com Jeffeson William, o esforço de Silvio Almeida deve se concentrar em um primeiro momento, na obtenção de recursos. “Para alcançar os objetivos propugnados pela nova equipe se faz necessário um ministério que combata as desigualdades socioeconômicas e regionais, para tanto a participação social e o investimento assegurado no orçamento público são condições indispensáveis, uma vez que os desafios são imensos, trata-se de questões complexas de difícil resoluções”, observou

Para William, a esperança de novos horizontes está na certeza de que trata-se de outra visão de mundo. “O que se espera do novo ministro é efetivamente a melhora de vida da classe trabalhadora em sua diversidade étnica, afetivo-sexual e de gênero, que pautas como o racismo, o capacitismo e a LGBTfobia saia da penumbra e possam ampliar o debate via implementação de políticas públicas para que a sociedade brasileira se torne menos preconceituosa e desigual”, finalizou.