Cancelamento: ‘fãs’de Pink Floyd criticam a banda por logo histórica que consideram ser LGBTQIA+

Nova versão da Bandeira LGBTQIA+ (Reprodução/Internet)

23 de janeiro de 2023

21:01

Mencius Melo – Da Agência Amazônia

MANAUS – A consagrada banda britânica Pink Floyd, autora de obras atemporais do rock mundial como: “The Wall” (1979), “Animals” (1977) e “Wish You Were Here” (1975) tem sofrido ataques nas redes sociais por fãs que consideram a logo comemorativa aos 50 anos do lançamento de “The Dark Side Of The Moon” uma apologia ao movimento LGBTQIA+. O álbum, considerado um dos três mais importantes da discografia do grupo, foi lançado em 1973 e traz na capa uma pirâmide com refração de um arco-íris.

Assim que a arte comemorativa aos 50 anos do álbum foi lançada, um internauta comentou: “Tirem o arco-íris, vocês estão se fazendo de idiotas!“⁠. O site “Tenho Mais Discos Que Amigos” (TMDQA) também ajudou a pincelar outros manifestantes descontentes. “É triste ver que uma banda que já foi ótima, um dia, e se tornou totalmente ‘Woker (algo como Lacradora)“, acusou um outro fã.

Um clássico icônico do rock mundial: a capa do ‘The Dark Side Of The Moon’, de 1973. São 50 anos de um monumento musical (Reprodução/Internet)

Capa histórica

A arte da capa de “The Dark Side Of The Moon” traz o efeito físico do prisma e da refração da luz que, quando lançada, em uma superfície transparente como o vidro ou água, sofre o desvio do feixe de luz, podendo causar um efeito colorido como um arco-íris. Segundo inúmeras biografias da banda, a imagem produzida era para mostrar que apesar de “parecer simples como a luz’, o Pink Floyd é uma banda sofisticada e complexa.

Mesmo com toda carga de história, parte dos fãs classificaram como “lacração” por parte do quarteto. A REVISTA CENARIUM conversou com manauaras que saíram em defesa da banda. “Particularmente, acredito que as pessoas que estão fazendo essa confusão são o exemplo vivo do momento em que estamos vivendo no Brasil e no mundo, porque levar uma obra desse nível a uma discussão rasa é uma enorme perda de tempo”, protestou o professor de artes Eduardo Tananta, fã do grupo.

Já o professor de física e também fã da banda, Denny Nogueira, diz que quem acusa o Pink Floyd de querer “causar”, com o prisma da capa do álbum de 1973, não é admirador do grupo e, sim, fã de última hora. “É inacreditável assistir esse tipo de manifestação. O efeito usado na capa do disco do Pink é física pura e nada tem a ver com a ideologia do arco-íris, que é usado como símbolo LGBTQIA+”, lamentou o professor e roqueiro.

A formação clássica do Pink Floyd nos anos 1970: David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright e Roger Waters (Reprodução/Discovery)

Nogueira não poupa os que querem criar caso considerado por ele como irrelevante. “Até onde sei, em 1973 o arco-íris ainda não era símbolo político da luta do movimento gay, e mesmo que o Pink Floyd tivesse se inspirado nisso, qual seria o problema?”, questionou ele. “Acredito que uma coisa não tem nada a ver com a outra e o que fica é a lição de como tem gente estúpida no mundo e que ainda se diz admirador do artista”, disparou.

O professor de arte e estudante de filosofia, Eduardo Tananta, considera um debate inútil a ideia de taxar a arte da capa como lacração LGBTQIA+ (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Estrada

O Pink Floyd nasceu em Londres, na Inglaterra, em 1965. Incialmente formada por Syd Barret (guitarra, vocal), Nick Mason (bateria), Roger Waters (baixo, voz) e Richard Wright (teclados, voz). Com forte pegada psicodélica, a banda lançou o primeiro álbum em 1967.

A estreia trouxe o sucesso, “The Piper At The Gates of Dawn”. Nesse mesmo ano, David Gilmour entra para o grupo para substituir Syd Barret, até então, líder do grupo, mas, com sérios problemas mentais. Roger Waters passa a ser o líder do grupo e mente criativa por trás do quarteto.

Nos anos 1970, o Pink Floyd ganhou o mundo com álbuns irrepreensíveis entre eles: “The Dark Side Of The Moon” (1973), “Wish You Were Here” (1975), “Animals” (1977), “The Wall” (1979). Este último virou filme pelas mãos do premiado diretor Alan Parker em 1982.

O musical “The Wall” conta a história de um astro do rock mergulhando nas drogas e seus delírios de onipotência. Uma crítica profunda sobre o totalitarismo. A obra se tornou um clássico tanto na música quanto no cinema. O último álbum do quarteto foi “The Final Cut”, de 1983.

O professor Denny Nogueira é fá da banda e conhece a história por trás da capa do álbum clássico do Pink Floyd de 1973
(Reprodução/Arquivo Pessoal)

Arco-íris

A bandeira LGBTQIA+ foi popularizada como um símbolo do orgulho gay, em 1978, pelo artista americano nascido em San Francisco, Gilbert Baker. À época, São Francisco era o epicentro da luta política pelos direitos civis dos homossexuais.

De acordo com historiadores, Baker se inspirou na cultura hippie, à época, muito difundida na expressão “Flower Power”, que via no arco-íris um símbolo da paz, e na canção “Over The Rainbow”, interpretada por Judy Garland, em “O Mágico de Oz”, um canto de esperança.

A bandeira do orgulho gay nasceu em 1978, cinco anos após o lançamento do ‘The Dark Side Of The Moon’, que é de 1973 (Reprodução/Internet)

Recentemente, a bandeira símbolo do movimento ganhou novas cores. A nova versão inclui a gravura do orgulho intersexo, as nuances do orgulho trans e listras que fazem alusão ao antirracismo.

Nova versão da Bandeira LGBTQIA+ (Reprodução/Internet)