‘Caso Dom e Bruno’: réus serão ouvidos pela Justiça nesta segunda-feira, 8

Da esquerda à direita: Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima (Reprodução)

08 de maio de 2023

13:05

Bruno Pacheco – Especial para Agência Amazônia*

ITACOATIARA (AM) – Amarildo da Costa de Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima, réus acusados do assassinato do indigenista brasileiro Bruno da Cunha Araújo Pereira e do jornalista britânico Dominic Mark Phillips, depõem à Justiça Federal nesta segunda-feira, 8, em uma audiência on-line no município de Tabatinga, no interior do Amazonas, (distante 1.106 km de Manaus).

Os réus seriam ouvidos pelo juiz Fabiano Verli, responsável pelas audiências de instrução do caso, no dia 17 de abril, por videoconferência. A defesa, no entanto, pediu o adiamento dos depoimentos, alegando que precisava ouvir seus clientes reservadamente, também online.

Amarildo, Oseney e Jefferson estão em presídios federais, no Paraná e Mato Grosso, e por conta disso os depoimentos serão realizados pela internet. O objetivo da Justiça Federal com a audiência é para decidir se os acusados vão a júri popular.

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O crime

Bruno Pereira, indigenista e servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, do jornal “The Guardian”, foram mortos em 5 de junho de 2022, após desaparecerem durante uma expedição na região do Vale do Javari, considerada a segunda maior reserva indígena do País e lar da maior concentração de povos isolados do mundo.

Bruno era conhecido por ser defensor dos povos indígenas e denunciar a criminalidade na Amazônia. Já Dom relatava as denúncias para veículos internacionais da imprensa. Os dois foram vistos pela última vez quando passavam em uma embarcação da comunidade São Rafael para Atalaia do Norte (a 1.136 quilômetros de Manaus).

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Somente em 15 de junho, os restos mortais de Bruno e Bom foram encontrados. As vítimas foram mortas a tiros e tiveram os corpos esquartejados, queimados e enterrados em uma cova rasa. Segundo um laudo da Polícia Federal (PF), Bruno foi atingido por três disparos, sendo dois no tórax e um na cabeça, e Dom foi baleado uma vez no tórax.

Amarildo, conhecido como o “Pelado”, Oseney, o “Dos santos”, e Jefferson, o “Pelado da Dinha”, foram presos suspeitos de cometerem os assassinatos. Além dos três acusados, a PF também apontou, em janeiro, Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, como o mandante dos homicídios.

Vale do Javari

O Vale do Javari é palco de conflitos causados pelo narcotráfico, roubo de madeira, pesca ilegal e avanço do garimpo ilegal. A região, que fica na fronteira com o Peru e a Colômbia e está localizada no Amazonas, possui 8,5 milhões de hectares demarcados, e perde em extensão apenas para a Terra Yanomami, com 9,4 milhões de hectares.

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*Com informações do Portal O Login