‘Coloca o Brasil como nação da extrema-direita’, diz doutor em comunicação sobre repercussão do terrorismo em Brasília
09 de janeiro de 2023
22:01
Mencius Melo – Da Agência Amazônia
MANAUS – Os principais veículos de comunicação do mundo estamparam, em manchetes, a invasão e depredação provocadas na Praça dos Três Poderes na capital federal da República: Brasília. CNN, The Guardian, Clarín, Huffington Post, El País, The New York Times, The Whashington Post, Le Monde, entre outros. O The Washington Post comparou em sua manchete, com montagem de vídeo e foto, a invasão de Brasília à invasão do Capitólio, que aconteceu nos EUA, em 6 de janeiro de 2021.
O britânico The Guardian estampou: “apoiadores de Jair Bolsonaro invadem palácio presidencial e Supremo Tribunal Federal”. O braço digital da rede CNN também deu destaque aos ataques e afirmou em sua manchete que: “Apoiadores de Bolsonaro quebram barreiras de segurança e invadem Congresso e palácio presidencial”. O portal do El País mancheta dizendo que: “Milhares de apoiadores de Bolsonaro invadem o Congresso, a Presidência e o Supremo Tribunal Federal”.
Para o pós-doutor em comunicação e professor da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Renan Albuquerque, o Brasil sai do evento de domingo, em Brasília, com a imagem bastante manchada. “O impacto é profundo e negativo, pois coloca, definitivamente, o Brasil como nação com representatividade forte no universo global da extrema-direita, que é supremacista e preconceituosa”, lamentou.
Heróis trágicos
Renan Albuquerque observou que a grande imprensa mundial passou a noticiar o grau de delírio, segundo ele, dos seguidores de Jair Bolsonaro e uma espécie de surto coletivo. “A imprensa, de modo geral, noticiou os fatos de Brasília como uma loucura de massa fomentada por bolsonaristas, como indivíduos insanos, que se veem como heróis trágicos, lutando em uma epopeia cósmica do bem contra o mal — no caso, de Bolsonaro contra Lula”, avaliou.
Segundo Albuquerque, parceiros essenciais para acordos bilaterais, seja na área ambiental ou econômica com o Brasil, principalmente, na Europa, sentem o peso do fardo político deixado por Bolsonaro. “A repercussão dos atos, principalmente, em periódicos da Europa progressista, sublinham que o Brasil passou, nos últimos anos, a formar uma patologia coletiva ligada ao autoritarismo e a Bolsonaro”, observou.
Questionado sobre como melhorar a imagem do Brasil no exterior, Renan Albuquerque respondeu: “É necessário estancar a política de produção de ignorância e consolidar agências coatuantes de fact-checking (agentes e financiadores de fake news). Além disso, processar e julgar, nos termos duros da lei, agentes e financiadores. Com isso, o setor comunicacional do Governo Lula, de coalizão da centro-esquerda, mostrará força para estabilizar o princípio civilizatório“, finalizou.