Com explosão de casos, dengue aumenta mais de 600% no Estado de Rondônia em 2022

Já são quase 11 mil confirmações da doença desde o início de 2022, o que representa um aumento de 623% em relação ao mesmo período do ano passado (Reprodução)

05 de dezembro de 2022

21:12

Iury Lima – Da AGÊNCIA AMAZÔNIA

VILHENA (RO) – Rondônia está vivendo uma nova explosão de casos de dengue. Já são quase 11 mil confirmações da doença desde o início de 2022, o que representa um aumento de 623% em relação ao mesmo período do ano passado. Também mais pessoas morreram por dengue neste ano: 13 óbitos até agora, enquanto apenas duas pessoas perderam a vida, entre janeiro e novembro de 2021, devido à contaminação. 

Os números são da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e alertam para o risco maior, especialmente agora, durante os meses chuvosos, de disseminação da dengue, além da zika e chikungunya, doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

Casos de dengue subiram 623%, em Rondônia, em um ano (Thiago Alencar/CENARIUM)

O Estado acumula, até o momento, mais de 9 mil casos a mais que o total de 1.501 de dengue registrados até 18 de novembro de 2021. Por outro lado, houve queda nos casos confirmados de zika vírus e chikungunya: declínios de 9% e 40%, respectivamente.

Entre janeiro e novembro de 2021, foram 68 casos confirmados de chikungunya. Em 2022, são 62. Já os casos diagnosticados como infecção por zika, foram 42, no ano passado, contra 25 desde o início de 2022.

Os sintomas são todos parecidos: dores no corpo, febre, dor de cabeça e outros. Nesse caso, a recomendação é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

Para se prevenir, o ideal é não deixar água parada em casa e no quintal (Governo de Rondônia/Reprodução)

Cuidados redobrados

Assim como aumentam os riscos, os cuidados também devem ser redobrados, principalmente, durante o verão, que conta com meses chuvosos, época em que o mosquito vetor de transmissão mais se reproduz. Para se prevenir, o ideal é não deixar água parada em casa e no quintal, como em vasos de plantas, pneus e garrafas.

“Nesse período, o mosquito tem mais ambiente para se proliferar. Aumentando a população de mosquito, há maior chance de se ter dengue. Vamos ter mosquitos contaminados circulando, aumentando, assim, a circulação do vírus”, explica a médica infectologista Ana Galdina Mendes.

Mendes alerta que as notificações de dengue acontecem, predominantemente, entre pessoas de 15 a 49 anos, mas que os pequenos estão mais suscetíveis a quadros graves da doença. Nesse grupo, estão as crianças de zero aos adolescente de até 15 anos.

“Eles são o nosso futuro, então, temos de ter essa consciência. A faixa etária mais acometida por internações e óbitos, por dengue, é a de zero a 15 anos“, ressalta a infectologista.

A médica infectologista Ana Galdina avalia que se fosse uma pandemia, o Brasil não estaria preparado para lidar com a dengue (Acervo Pessoal/Reprodução)

Tendência nacional

A previsão da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) é de que o Brasil bata o recorde do número de óbitos pela doença até o fim de 2022. Só entre janeiro e outubro deste ano, 936 brasileiros morreram por causa da dengue. O maior registro de óbitos pela doença é de 2015, quando morreram 986 pessoas. 

As mortes cresceram 400% e os casos confirmados, 183% em relação a 2021. O País tem, pelo menos, 1,3 milhão de casos confirmados de dengue. 

Se fosse uma pandemia, como a de Covid-19, “não estaríamos preparados”, avalia Ana Galdina.“Hipoteticamente falando, se a gente tivesse uma pandemia de dengue, seria algo novo. Seria um cenário totalmente novo em que a gente teria um vírus para combater, mas teríamos que combater o mosquito, que é quem transmite o vírus para o ser humano. Num cenário desse, o Brasil não estaria preparado, porque nós não conseguimos controlar o vetor”, diz a médica.

“Toda vez que a gente vê esse aumento do número de casos, é porque não estamos controlando o vetor. Não estamos controlando o mosquito (…) Vale também, nessa discussão, lembrar que o controle da dengue é controle ambiental. Combatendo o mosquito, combatemos a doença”, finalizou a infectologista.