Com governo marcado por agenda antiambiental, Bolsonaro vai palestrar sobre meio ambiente e sustentabilidade nos EUA

Ex-presidente da República Jair Bolsonaro (Ricardo Moraes/Getty Images)

16 de março de 2023

11:03

Priscilla Peixoto – Da Agência Amazônia

MANAUS – Com uma agenda que fragilizou o sistema institucional de proteção ambiental, durante seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai palestrar em um seminário sobre meio ambiente e sustentabilidade, na Flórida, nos Estados Unidos. A data da palestra está prevista para o dia 30 de março e foi anunciada na página do Linkedin, pela empresa de consultoria ambiental Geoflorestas.

O seminário com a participação de Bolsonaro será realizado na South Florida Bible College & Theological Seminary, faculdade particular cristã. Além da palestra, o ex-presidente deve participar, ainda, pela faculdade de simpósio de negócios e liderança no dia 22 do mesmo mês.

Postagem realizada pela Geoflorestas (Reprodução/Linkedin)

Desmonte ambiental

Foco constante de desmonte, nos últimos quatro anos, a política ambiental, no Brasil, chegou ao fim do Governo Bolsonaro com a estrutura mais enfraquecida do que fora nos últimos tempos. Recorde de desmatamento na Amazônia, queimadas e destruição de outros biomas aliaram-se à desmoralização e descaso em relação aos órgãos de fiscalizações ambientais e de controle, como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Somente em 2022, último ano do Governo Bolsonaro, por exemplo, o desmatamento na Amazônia atingiu a maior alta percentual num mandato presidencial, segundo as medições por satélite do Prodes, sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Conforme os cálculos das medições feitas pelo Observatório do Clima, houve um aumento de 59,5% nos índices de desmate na região, durante a gestão.

Em 2022, o desmatamento na Amazônia, no Governo Bolsonaro, atingiu a maior alta percentual num mandato presidencial (Mateus Moura/REVISTA CENARIUM)

Nos últimos quatro anos, a floresta perdeu mais de 35 mil quilômetros quadrados, uma área maior que a soma de sete das nove capitais da região. É como se Belém, Boa Vista, Rio Branco, Cuiabá, Palmas, Macapá e São Luís tivessem sido retiradas do mapa.

Foi no Governo Bolsonaro também que a quantidade de pistas de pouso clandestinas para a aterrissagem de helicópteros usados para o garimpo ilegal, na Terra Indígena Yanomami, no Estado de Roraima, aumentou de forma considerável. Conforme o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram, ao menos, 277 pontos mapeados que serviam para decolagens e pousos clandestinos pela extensão territorial indígena.

Além das questões ambientais, a busca por demarcações de terras indígenas, a ampliação efetiva de políticas sociais de valorização e o respeito à diversidade humana foram algumas das lutas dos povos originários, quilombolas e população ribeirinha, também afetados pela antiagenda da gestão do então presidente.

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