‘Conselhão’ recriado por Lula tem representantes da Amazônia Legal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em solenidade de assinatura do decreto que cria o Conselhão (Ricardo Stuckert/Reprodução)

05 de maio de 2023

15:05

Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS – O “Conselhão”, uma frente ampla de discussão de políticas públicas, foi reativado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nessa quinta-feira, 4, em Brasília, e tem, pelo menos, seis representantes da Amazônia Legal. O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) vai reunir representantes da ciência e pesquisa, da sociedade civil organizada, dos povos tradicionais e originários, além do setor financeiro, agronegócio e empresas de tecnologia.

Numa composição heterogênea e que visa imprimir a diversidade brasileira, o Conselhão possui membros que atuam em áreas que envolvem pesquisa, empreendedorismo, meio ambiente e causas indígenas. A CENARIUM listou alguns deles:

Virgílio Viana

Atual superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virgílio Viana é engenheiro florestal e possui PhD em Biologia Evolutiva pela Universidade de Harvard e pós-doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade da Flórida.

“[Há] lideranças políticas competentes, cientistas renomados e nomes expoentes dos movimentos sociais. (…) É momento de somar forças e contribuir para colocar o Brasil de volta ao trilho da prosperidade social, ambiental e econômica. O Conselhão é também uma fonte de esperança: um espaço de diálogo com todos os segmentos da sociedade, acima de qualquer divisão partidária. O Brasil tem motivo para cultivar a chama da esperança!”, declarou.

O superintendente-geral da Fundação Amazônia Sustentável, Virgílio Viana (Reprodução/Divulgação)

Davi Kopenawa

Xamã e porta-voz do povo Yanomami, Davi Kopenawa é líder de um dos maiores povos indígenas que vivem na Floresta Amazônica, na fronteira do Brasil com a Venezuela. A luta em nome dos povos originários concedeu a ele reconhecimento, internacionalmente, sendo uma das vozes que mais se manifesta contra a destruição da floresta.

Há 25 anos, Kopenawa travou uma batalha incansável, a nível nacional e internacional, a fim de garantir os direitos à Terra Yanomami (TY), que resultou na demarcação pelo governo brasileiro em 1992. O território Yanomami é a maior reserva indígena do Brasil em extensão territorial.

Davi Kopenawa Yanomami é xamã e porta-voz do povo Yanomami (Sesai/Ministério da Saúde)

Braulina Aurora

Indígena do povo Baniwa, Braulina Aurora é pesquisadora e bacharel em antropologia na Universidade de Brasília, além de mestranda em Antropologia Social na UNB. Ativista do movimento indígena, ela foi presidente da associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília.

Aurora é defensora de questões de gênero e sexualidade indígena e atua no debate sobre racismo institucional, violência contra mulher e invisibilidade de estudantes indígenas nas universidades, a fim de levar tais debates para dentro das universidades. Ela também escreve roteiros de documentários indígenas e travou um ativismo de luta pelo protagonismo de indígenas nos lugares de fala.

Braulina Marques Baniwa é pesquisadora e luta pelo protagonismo de indígenas nos lugares de fala (Marília Marques/G1)

A Região Amazônica também tem como representantes: Fernando Augusto Quintella, do Conselho de Empreendedores da Amazônia; Elisa Wandelli, vice-presidente do Conselho de Administração do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia e Maria Judite da Silva Ballerio Guajajara, indígena e advogada.

Sobre o ‘Conselhão’

O “Conselhão” foi extinto em 2019 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Anteriormente, o colegiado, que ficou ativo por 15 anos durante os dois primeiros mandatos do atual chefe da Nação, retorna com 247 conselheiros na composição.

Presidido por Lula, o CDESS pretende conceber um ambiente plural de debate de agendas e temas de interesse dos mais diversos segmentos da sociedade. A proposta do presidente da República é que os membros o ajudem “a governar o País” e tenham passe livre para dizer como esperam que “as coisas sejam feitas”.

“Cada setor e cada movimento aqui representados enxergam de forma diferente esses e os muitos outros desafios que temos pela frente. Precisamos aprimorar nossas políticas educacionais, retomar nosso protagonismo nos foros globais, repensar as novas relações de trabalho mediadas pelas plataformas e trazer a inovação para aproveitar o melhor da economia digital”, acrescentou Lula.

O presidente destacou, ainda, que os diálogos do grupo devem desempenhar um papel essencial para superar desafios como a fome, as desigualdades e as urgências ambientais. Programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, “Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)” e a política de valorização do salário-mínimo surgiram a partir de debates nascidos no colegiado.

A coordenação do grupo ficará a cargo da Secretaria de Relações Institucionais. O novo Conselhão pretende fortalecer a inovação, além de debater a preocupação com a sustentabilidade e a pluralidade da sociedade brasileira. Nessa nova composição, a representatividade feminina, das diferentes classes sociais, é destaque. Mais de 40% das cadeiras são ocupadas por mulheres.