Coral celebra legado do maestro Dirson Costa com participação de professora da Ufam

Legado do maestro Dirson Costa foi celebrado na noite desta segunda-feira, 20. (Alan Geissler/Revista Cenarium Amazônia)

21 de novembro de 2023

14:11

João Felipe Serrão – Da Agência Amazônia

MANAUS (AM) – O legado do maestro Dirson Costa foi celebrado na noite desta segunda-feira, 20, com a estreia do coral que leva seu nome, no Teatro Nelson Falcão, localizado no colégio Martha Falcão, zona Centro-Sul de Manaus.

Entre os que prestaram homenagens está a coralista e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Iraildes Caldas. Ela afirma que uma das principais contribuições de Dirson Costa foi para a educação musical no Amazonas.

“A erudição do maestro fez escola no Amazonas. Muitos regentes hoje seguem sua ideia de regência. Ele deixa um legado não só na regência, mas também na composição. As composições do maestro Dirson são complexas, com arranjos bonitos e bem desenvolvidos”, destacou a professora.

Coralista e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Iraildes Caldas (Alan Geissler/Rede Cenarium Amazônia)

A noite foi marcada por homenagens para comemorar o centenário de nascimento do maestro e compositor. Ex-alunos, amigos e admiradores do trabalho de Dirson fizeram questão de lembrar toda a luta do artista para transformar a sociedade por meio da cultura.

O maestro Everaldo Barbosa, que foi aluno de Dirson Costa, foi o encarregado de fazer a regência do novo coral. Ele destacou o papel de seu mestre na formação de artistas.

“Ele formou muitas gerações de músicos. Hoje, eu estou aqui, tem muitos outros tocando em orquestras pelo Brasil. Esse é o legado que ele deixou. Estamos retribuindo à sociedade o conhecimento e suas canções”, pontuou Everaldo.

Everaldo também ressaltou a importância de manter viva a memória dos artistas que marcaram a cultura no Estado.

Maestro Everaldo Barbosa (Foto: Alan Geissler / Revista Cenarium Amazônia)

“Nós vivemos em uma sociedade que tende a apagar nossos artistas e nós queremos resgatar isso. Fazer com que os artistas da cidade possam ser relembrados continuamente, por meio de suas obras e ensinamentos”, finalizou o maestro.

Erudito e regional

Dirson Costa tem como uma das marcas de seu trabalho a conexão entre o erudito e o regional. Com elementos da Amazônia, os acordes e arranjos se unem em canções que retratam os mitos e a realidade amazônica.

Apresentação do Coral Dirson Costa (Alan Geissler/Rede Cenarium Amazônia)

Um dos espectadores presentes na apresentação do coral Dirson Costa foi o renomado cantor e compositor Chico da Silva, que ressaltou a relevância do maestro para a cultura amazonense.

“Culturalmente falando, a importância disso tudo para o Estado e para o Brasil como um todo é de muita relevância. A cultura forma o cidadão. Por isso é fundamental comemorar os 100 anos desse maestro que tem um trabalho majestoso”, finalizou Chico.

O maestro e compositor Dirson Costa (Reprodução/Instituto Dirson Costa)

Dirson Costa nasceu no Piauí, mas ainda jovem se mudou para a Amazônia. Primeiro foi para Roraima, depois mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Composição e Regência com o maestro Heitor Villa-Lobos.

Na década de 1960 veio para Manaus, onde trabalhou incansavelmente para realizar o seu sonho de ver a música florescer na Amazônia: criou conservatórios, corais, grupos de câmara, orquestras sinfônicas, jazz bands e assessorou governos no campo de políticas públicas para a cultura.

Hino de Roraima é uma das composições do maestro (Vídeo: Canal Brasil Legendado)

Seus dois últimos anos de vida foram dedicados a idealizar uma instituição que pudesse abrigar produções artísticas e culturais da Amazônia de forma independente e, principalmente, colaborar com o desenvolvimento cultural da região.

Em 2001, ano de seu falecimento, ele concluiu o projeto conceitual do que viria a se tornar o Instituto Dirson Costa de Arte, que atua até hoje na formação artística e cultural no Amazonas.

Edição: Yana Lima

Revisão: Gustavo Gilona